Na primeira entrevista desde o chumbo do Orçamento do Estado que António Costa deu (na segunda-feira, dia 8, na RTP), o primeiro-ministro afirmou que a geringonça “foi a solução pluripartidária mais estável que tivemos até agora”. Será mesmo assim?
A geringonça nasceu em 2015, após quatro anos de governação da coligação PSD/CDS, marcada pelo período da Troika. Nas Legislativas, o PSD venceu com 37% dos votos, mas sem maioria absoluta e a esquerda uniu-se para retirar a direita do poder. No entanto, se nos primeiros quatro anos de Geringonça havia um acordo escrito, nos seguintes (desde 2019) isso não se verificou, estando o PS no poder e a conta com a esquerda, informalmente.
Não se pode chamar aos últimos anos uma coligação, pelo menos, no sentido em que foi a coligação PS/CDS (em 1978), que não durou mais de sete meses; ou no sentido da coligação do bloco central (1983), que juntou PS e PSD.
CONCLUSÃO:
ENGANADOR

Embora o acordo entre o PS, PCP e BE tenha sido mais estável que os que o antecederam, chamar-lhe coligação é ir longe de mais. E, por isso, não pode ser comparada, na mesma medida, com os exemplos de coligações citados anteriormente, em que existia um registo formal. No rescaldo das Legislativas de 2019, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins recusaram-se a assinar um documento que formalizasse a geringonça 2.0. Assim, as palavras do primeiro-ministro são uma meia verdade, porque – embora o Governo do PS tenha sido apoiado por estes dois partidos de esquerda – não se pode falar numa “solução pluripartdária”.
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