Um professor especial
Todos os domingos, no Parque das Nações, entre a MEO Arena e a FIL, ao pé dos carregadores para carros elétricos, junta-se um grupo de “ciclistas” muito especial. Rui Pratas, 41 anos, vencedor da primeira menção honrosa dos prémios Os Nossos Heróis, é o líder, sempre acompanhado pelo filho Zé Pedro, de 7 anos. A causa do ajuntamento são as aulas para aprender a andar de bicicleta, dadas por Rui Pratas a cidadãos com diferença. “Comecei nisto há uns 11 anos, numa altura em que fumava quatro maços de SG Ventil por dia e pesava 97 quilos”, conta à VISÃO. Andar de bicicleta era o desporto que menos lhe custava fazer e acabou por ser aquele que lhe permitiu ter uma nova vida.
Antes de se tornar professor de alunos com Trissomia 21, essencialmente, Rui ainda deu aulas a pessoas sem diferença e a obesos, sempre em espaços públicos. Mas a concorrência, no primeiro caso, e a vergonha, no segundo, estragaram-lhe o negócio. Decidiu que continuaria a ensinar, mesmo gratuitamente, porque era isso que lhe trazia satisfação pessoal. E assim, mudou de público-alvo, afinou o método, adaptou algumas das bicicletas e tornou-se professor dos meninos da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT21). É com eles que passa os domingos. Faça chuva ou faça sol.
Além de dar estas aulas especiais, Rui Pratas é camionista na JLG Transportes e também já fez vários percursos, sempre em cima de uma bicicleta, para angariar fundos para a APPT21. Aliás, atualmente, as suas aulas são abertas a qualquer pessoa. Os cidadãos com diferença não pagam. Os outros são convidados a fazer uma doação à APPT21.