Tudo isto para recordar que, ainda há bem pouco tempo, me despedi aqui para férias sazonais. E que, feitas as contas, estamos de novo no Natal, época em que os corações abrem ainda mais portas ao espírito de solidariedade. Mas se pensamos que é só nesta quadra que as coisas acontecem, desenganemo-nos. A verdade é que, em movimentos associativos ou pura e simplesmente no seio das empresas, são cada vez mais, mas também mais inovadoras e criativas, as iniciativas que ao longo de todo o ciclo de calendário envolvem ação desenhada com os outros e para os outros.
Numa análise mais minuciosa ao que desde o Verão até agora tem acontecido no domínio da responsabilidade que socialmente cabe a pessoas, empresas e outras organizações, deparamo-nos com todo um sem número de acontecimentos que importa assinalar, também numa perspetiva do contágio salutar que pode extravasar empenhos, vontades, capacidade de concretização e operar a verdadeira diferença na comunidade.
Pois bem, pego no GRACE, essa Associação fascinante populada por mais de 100 empresas, cuja alma transporta para a sociedade todos os princípios subjacentes ao desempenho profissional, não mais meramente confinado às questões de lucro. Escamotear que a rentabilidade do negócio integra de forma crescente a componente da responsabilidade social e do bem-estar de pessoas, decisores e demais profissionais, dentro e fora das organizações, não é mais uma prova de sensatez, eu diria.
E porque assim é, do Verão para cá, assistimos no GRACE a toda uma panóplia de ações que, em jeito de inspiração, aqui gostaria de partilhar neste canto de leitura. Começo pelo ciclo de workshops dedicado a novos líderes, ou seja, aos colaboradores de empresas que revelam qualidades capazes de os fazerem gerir o sucesso das suas organizações num modelo que está cada vez mais “fora da caixa”. E que surpreendentes têm sido os resultados!
Também ao nível da investigação e da publicação de manuais sobre temas que importam para uma gestão mais sustentável, bem prolíferos têm sido os últimos meses. Responsabilidade Social nas PMEs, desafios e oportunidades no Turismo, como mobilizar as empresas para projetos sociais ou, a dois passos de 2015, um guia do Voluntário, como que em jeito de rampa de lançamento para mais uma concretização bem-sucedida, a que incorre da nomeação como Capital do Voluntariado que a Comissão Europeia acabou de atribuir a Lisboa.
A este propósito, não é de mais sublinhar a crescente adesão que o setor corporativo tem registado em matéria de voluntariado. Dias de trabalho dedicados ao ambiente, às franjas populacionais mais desfavorecidas, seja na concretização de momentos lúdicos ou de refeições comunitárias, multiplicaram-se por milhares o número de voluntários e beneficiários que, ao longo das últimas semanas, ajudaram a comprovar que querer é poder.
Mas se pensarmos que é nos bancos de escola e na formação que se fortificam atitudes, acreditemos que também aqui as empresas têm espaço para investir e intervir. Confirma-o o Uni.Network, um projeto que reúne entidades académicas e empresas responsáveis, na partilha do que melhor se pode fazer em matéria de conhecimento e de competências em prol da sustentabilidade.
E, em jeito de cereja no topo do bolo, multiplicaram-se, nos últimos meses também, o número de premiações para boas práticas e bons praticantes. Prémios de jornalismo, de reconhecimento a indivíduos ou a empresas de exemplar altruísmo, a valor social de pessoas e organizações ou de inovação social nas comunidades, muitas e muito variadas têm sido as análises e eleição de práticas que são motivo de orgulho e de replicação dentro de portas ou além-fronteiras.
Não serão tudo isto provas provadas de que temos excelentes razões para elevar as boas práticas no nosso país e, acima de tudo, a auto-estima de um povo que tem razões de sobra para acreditar que podemos e devemos fazer cada vez melhor, em prol das gerações atuais e futuras?
Acredito firmemente que sim. Também porque assisto a cada dia que passa a excelentes demonstrações de pessoas que se recusam a baixar braços e a deixarem de estar atentas ao que se passa ao seu lado. Em responsabilidade social, creia-me, caro leitor, a intervenção continua a somar pontos e o tempo não pára.