Bastaram quinze dias para a Alice For Good receber 128 candidaturas de voluntários, muitos deles com anos de experiência no mercado publicitário, dispostos a ajudarem IPSS e empresas sociais a passarem a sua mensagem.
Uma adesão que surpreendeu Rodrigo Silva Gomes, 47 anos, CEO da Normajean, a agência de publicidade que decidiu reposicionar-se no mercado com o lançamento de uma subsidiária sem fins lucrativos.
“Se estamos a defender uma postura social juntos dos nossos clientes, também temos de fazer o mesmo por nós próprios”, justifica o mentor da Alice For Good, que apela aos profissionais da publicidade e a outros produtores de trabalho intelectual para se unirem em torno de um projeto que mostra à sociedade “como os seus contributos podem ajudar a mudar o mundo para melhor”.
Rodrigo Silva Gomes não tem dúvidas acerca da importância das campanhas publicitárias para as IPSS: “Se não comunicarem, estas instituições não conseguem os donativos que precisam. Se não comunicarem o impacto das suas ações perdem credibilidade. Se não comunicarem, morrem”.
Neste momento, a agência social tem quatro clientes: Terra dos Sonhos, Voz da Criança, Pé de Feijão e Verde Movimento. Até ao final do primeiro semestre deste ano, deverão juntar-se outros quatro.
Os candidatos passam por um exigente processo de seleção que avalia as necessidades da organização e o seu impacto social. As instituições escolhidas terão direito aos serviços da agência durante, pelo menos, dois anos.
“Os clientes selecionados por nós não vão pagar nada, mas há algumas instituições que poderão pagar alguma coisa. Será sempre um preço inferior ao valor de mercado, talvez metade, mas será uma forma de nos financiarmos”, explica à VISÃO Solidária.
Em matéria de sustentabilidade, o maior contributo será da bolsa de voluntários: “O maior custo das agências é o departamento criativo, mas essa despesa será assegurada através do voluntariado. Por isso, nunca haverá uma estrutura de custos insustentável”.
Rodrigo Silva Gomes não se considera “dono” da Alice, como se refere à agência, a ideia é que “apareçam outras pessoas que também queiram tomar conta dela”.
O convite à participação é tal, que a agência vai funcionar num sistema de conferências em aberto, sempre que o cliente o permitir, para que todos os voluntários possam dar o seu contributo e participar nas reuniões à distância.
“A Alice é um laboratório para ir conhecendo os problemas das pessoas, é importante que as agências e as marcas estejam próximas da realidade, se querem ter um papel de cidadania mais efetivo”, defende o publicitário.
Quem quiser oferecer donativos à Alice For Good, candidatar-se a voluntário ou a cliente da agência, pode fazê-lo através do site.