Numa altura em que a responsabilidade social conquistou um lugar muito próprio no seio das empresas, já não podemos dar-nos ao luxo de desenvolvermos iniciativas desgarradas ou que resultem unica e exclusivamente do nosso empenho em sermos os “bonzinhos da fita”.
Se é certo que o tecido empresarial português deu já passos significativos em matéria de boas práticas, a verdade é que há ainda um longo trilho por percorrer no que toca a rigor, a metodologia, à análise da relação causa-efeito de todos os investimentos em matéria social. Vivemos, pois, tempos paradoxais.
Se, por um lado, nos deparamos diariamente com empresas de todas as dimensões que revelam uma grande maturidade na hora de definirem as suas estratégias de cidadania empresarial, temos, por outro lado, todo um sem número de tantas outras empresas que começam a aperceber-se das consequências do seu desvelo a nível humano e económico. E é aqui que surge a grande oportunidade para darmos espaço à avaliação e ao report do que de bom se faz no nosso país.
Sabemos que o ceticismo face aos relatórios de sustentabilidade é ainda uma realidade, mas também sabemos que não reportar pode ter consequências desastrosas, mesmo quando se fala em gestão e resultados. Negócio, relação com stakeholders e report constituem uma tríade de inevitável transparência para quem quer sustentar no sucesso o sucesso dos seus negócios.
Mas perguntar-se-ão alguns leitores, “avaliar, medir e reportar não deverá obedecer a métricas comuns no tecido empresarial em todo o mundo?”. Pois é aí que bate o ponto e a razão desta minha conversa hoje convosco. Subjetivarmos a forma de avaliar é chão que já deu uvas.
Mais do que olharmos para o nosso umbigo na hora de partilhar com todos os stakeholders a maneira como nos movemos nas comunidades em que estamos inseridos, importa perceber que a bitola que mede as nossas ações é a mesma que mede as dos nossos concorrentes e demais partes interessadas.
Metodologias de avaliação à escala mundial – de que a GRI (Global Reporting Initiative) é um bom paradigma – constituirão, pois, a solução inevitável para os que querem medir impactos económicos, sociais, ambientais e culturais, na certeza de que afirmarão a sua sustentabilidade em resultados tão evidentes quanto promissores em matéria de crescimento. E em Portugal, designadamente nas empresas do universo GRACE, há já muito bons exemplo de Reporting GRI.
É nesse sentido, caro leitor que, esteja onde estiver na plataforma de decisão corporativa, se lhe peço que seja mesmo muito exigente no que toca às boas práticas, lhe sugiro que deixe a modéstia de lado e não brinque em serviço na hora de medir e reportar tudo o que de bem feito em matéria de responsabilidade social acontece na sua empresa.