Como transpor o conceito para o terreno empresarial de forma estratégica chega mesmo a ser tema de discussão em fóruns, seminários e nos bancos das universidades.
E é nesta troca de ideias entre o mundo académico, corporativo e associativo que, com frequência, surge a controvérsia: é o voluntariado empresarial um instrumento para o desenvolvimento sustentável ou reduz-se a ações de teambuilding assistencialistas?
Os argumentos dividem-se. Quem olha para o voluntariado empresarial através da lente assistencialista, fala em caridade, bondade, espírito de sacrifício, gratuitidade e altruísmo que não resolve problemas estruturais, mas motiva equipas.
Do outro lado, temos os defensores do trabalho voluntário, enquanto ferramenta de políticas de RSE, que estimula a participação, a cooperação, o compromisso, a responsabilidade e a oportunidade que nos conduz a uma coesão social e económica.
Onde mora a razão? Diz-me a experiência de sete anos de voluntariado empresarial GRACE, que já lá vai o tempo em que o paradigma de trabalho voluntário residia na lógica assistencialista.
O voluntariado empresarial entra, hoje, pela porta da frente na estratégia de sustentabilidade de qualquer organização. Se planeado e integrado em ações monitorizadas, avaliadas e condicentes com a estratégia de responsabilidade social da empresa então, não duvidemos que estamos sim perante uma poderosa forma de intervenção e de diálogo com a comunidade envolvente, que contribui para o desenvolvimento sustentável, reforçando estratégias de negócio, geradoras de retorno económico e social.
Como? Através de mais-valias elevadas ao cubo que resultam de uma equação em que se somam ganhos para a comunidade, para os colaboradores e para as empresas.
A comunidade soma melhorias na qualidade de vida dos beneficiados, o conhecimento da experiência da empresa e dos seus colaboradores voluntários, o sentido de responsabilidade e o resultado final é uma sociedade mais saudável e solidária.
Já os colaboradores adicionam competências, autoestima, motivação, alegria, tolerância e uma maior integração na empresa, que se remata em novas oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento profissional.
Por fim, temos o balanço empresarial com saldo positivo no envolvimento e motivação dos colaboradores, produtividade, no fortalecimento da sua imagem, reputação e notoriedade, na construção de equipas coesas, nas relações com stakeholders e na capacidade de atrair e reter talento.
Os factos falam por si, mas bem sabemos que só o trabalho voluntário não vai resolver os impactes que a globalização, a pobreza, as alterações climáticas, o crescimento populacional, o défice de cultura ou a degradação do ambiente já assumem no desempenho das organizações.
Mas acreditemos que possa ser um sinal de confiança e esperança numa sociedade mais inclusiva, cidadã e sustentável.