“É muito motivante ter desafios profissionais todos os dias e ainda ajudar os outros”. O entusiasmo de Cláudio Lopes, 25 anos, elimina qualquer possibilidade de arrependimento por ter abandonado um emprego estável numa multinacional para assumir o cargo de coordenador administrativo do Espaço Saúde, um projeto promovido pela Câmara Municipal de Setúbal.
Cláudio foi um dos seis profissionais colocados em instituições sociais e organismos municipais na 1.ª edição do programa World of Difference, lançado pela Fundação Vodafone Portugal, no ano passado.
Até ao dia 1 de junho, decorrem as candidaturas para a 2.ª edição. A fundação dispõe-se a patrocinar os ordenados, durante um ano, de sete profissionais que serão colocados em cinco instituições diferentes.
O coordenador do projeto, José Alexandre Coelho, explica que, desta vez, a fundação resolveu privilegiar instituições que atuam fora dos grandes centros urbanos.
As vagas disponíveis são:
Um enfermeiro e um fisioterapeuta para o Centro Social de Santa Cruz do Douro
Um psicomotrista para ajudar crianças com dificuldades de aprendizagem e prestar aconselhamento no gabinete de combate à obesidade infantil da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Um assistente administrativo para a Cruz Vermelha de Ovar
Um assistente de comunicação e angariação de fundos para a Liga Social e Cultural Campos de Lis
Um gestor de marketing, inovação e empreendedorismo para a Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã (ARCIL)
A seleção dos candidatos é da responsabilidade das organizações que os recebem. Até ao momento, chegaram mais de 300 candidaturas ao endereço de email wod.pt@vodafone.com.
As instituições que se queiram candidatar aos apoios da Fundação no âmbito do programa, podem enviar uma breve apresentação, o Relatório e Contas mais recente e a descrição da oportunidade de trabalho que oferecem. Os dados devem ser enviados para o endereço de email da iniciativa até dia 15 junho.
Atualmente, o programa World of Difference está presente em 20 países e contribuiu para integrar cerca de 1500 pessoas no mercado de trabalho.
UMA VIDA DIFERENTE
Cláudio Lopes pode vir a ser um dos exemplos nacionais de alguém que conseguiu mudar de vida com a ajuda do projeto. O presidente da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa e coordenador do Espaço Saúde, Duarte Machado, não podia estar mais satisfeito com a equipa patrocinada pela Vodafone.
Além do coordenador administrativo, foram colocados mais dois profissionais na instituição: um fisioterapeuta e uma enfermeira.
“A experiência está a ser muito interessante, e permitiu-nos chegar mais perto das pessoas que beneficiam dos nossos serviços”, afirma Duarte Machado. O Espaço Saúde, que intervém na área da prevenção e rastreio de doenças junto da população mais carenciada, apoia mais de 200 utentes.
Cláudio Lopes, formado em contabilidade e finanças, não nega que, por vezes, é preciso muita imaginação para conseguir gerir os parcos recursos. Mas foi o desafio, e a possibilidade de estar “mais perto da realidade das pessoas”, a principal motivação para se candidatar.
COLHER FRUTOS
No caso de Ximena Genêto, 33 anos, a oportunidade parecia encomendada: “há muito tempo que andava a pensar em fazer voluntariado, mas tinha medo de me comprometer e de não conseguir cumprir”, confessa a técnica de informática. Até que encontrou nas redes sociais um post que falava da iniciativa. Candidatou-se, foi aceite e começou a colaborar com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
A sua missão é ajudar a instituição a modernizar-se informaticamente. João Lázaro, vice-presidente da APAV, não tem dúvidas de que o seu trabalho é fundamental “para uma maior partilha de informação entre os técnicos e para facilitar o trabalho dos voluntários”.
A APAV vive, essencialmente, do apoio dos voluntários. Conta com cerca de 50 funcionários fixos, e mais de 300 voluntários. O vice-presidente da instituição, estima que o valor monetário do tempo oferecido pelos voluntários custaria mais de 1 milhão de euros.
Quando terminar o patrocínio da Vodafone (com a duração de um ano), a APAV não terá meios para continuar a pagar a Ximena, mas a informática está disponível para colaborações ocasionais em regime voluntário, para garantir que o seu trabalho terá continuidade.
Um dos principais objetivos do programa é, precisamente, que as colaborações entre profissionais e empresas tenham resultados que perdurem no tempo.
Duarte Machado está decidido a fazer crescer o Espaço Saúde, mesmo quando terminar o patrocínio. “Era muito bom que nos continuassem a apoiar, mas se não for possível, temos de encontrar outros parceiros para dar continuidade ao projeto”, assegura.
Quanto à continuidade de Cláudio Lopes, se depender dele, a resposta é inequívoca: “sem dúvida que quero continuar”.
Essencial
World of Difference
Candidaturas de profissionais aceites até 1 de junho.
Candidaturas de instituições aceites até 15 de junho.