Pouco passava das 15h00 desta quinta-feira, quando uma dúzia de pessoas entrou pela porta principal da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, na Ameixoeira, Lisboa, onde se preparava para ter início a eucaristia organizada pelo Centro Arco-Íris – a “casa” da comunidade LGBTQIA+ durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Carregando crucifixos de madeira e de metal, homens e mulheres (a maioria na casa dos 20) começaram a entoar “uma oração reparadora” – assim lhe chamaram – contra o que consideram ser “os pecados mortais” que resultam de “uma ideologia LGBT que, hoje, existe no seio da Igreja Católica”.
Rafael da Silva, um dos promotores da ação (convocada através das redes sociais) destes ultra-conservadores católicos, garantiu, à VISÃO, ter-se tratado “de uma iniciativa pacífica”, e que “não é contra a comunidade gay”. “Individualmente, não temos nada contra estas pessoas. O inimigo é esta ideologia e alguns padres que a defendem contra o que deveria ser a Igreja Católica e contra o que é a vontade de Deus”, afirma.
Chamada ao local pela organização, a PSP interveio rapidamente e de forma musculada, com a presença de mais de duas dezenas de agentes; por precaução, a rua foi cortada ao trânsito temporariamente. À VISÃO, o comandante Ruben Neves confirmou “a perturbação da cerimónia” pelo grupo.
Os invasores foram retirados do local, sem oferecer resistência; identificados, incorrem agora no crime de “impedimento, perturbação ou ultraje a ato de culto”.