Depois de muitas polémicas e a menos de um mês do arranque da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, há finalmente um estudo com as perspetivas do impacto económico do evento que decorrerá em Lisboa entre 1 e 6 de Agosto, durante o qual é esperada a visita do papa Francisco.
Esta análise, feita pela PwC, considera três níveis de impacto das JMJ Lisboa 2023 na economia portuguesa – o direto, o indireto e o induzido, considerando-se o impacto económico total a soma dos três.
Os resultados obtidos pela consultora apontam para um impacto total estimado de 411 a 564 milhões de euros, em termos de valor acrescentado bruto (VAB), e de 811 a 1100 milhões de euros em termos de produção. Por produção entende-se o valor dos bens e serviços produzidos pelas atividades económicas consideradas. Este indicador, apesar de relevante, não revela o real contributo para a geração de riqueza nacional, pois inclui os consumos intermédios de bens e serviços, levando à dupla contabilização destes valores. Já o valor acrescentado bruto (VAB) é o valor bruto da produção deduzido do custo das matérias-primas e de outros consumos no processo produtivo.
O estudo a que a VISÃO teve acesso, foi enviado pela PwC à Fundação da JMJ Lisboa 2023 na terça-feira à noite, e ainda não está prevista a data para o seu anúncio oficial.
Os impactos económicos gerados pela JMJ foram estimados a três níveis: a) Efeito gerado pela atividade económica associada ao evento (despesas dos participantes em alojamento, alimentação, transportes, comércio e atrações) e investimentos e despesas realizados com organização; b) Impacto gerado a montante da cadeia de abastecimento pela procura ligada às atividades económicas incluídas no impacto direto; c) Estímulo promovido a jusante, através das despesas em consumo de bens e serviços induzidas pelas remunerações dos trabalhadores afetos às atividades consideradas nos impactos diretos e indiretos.
A consultora realizou uma análise input-output, um instrumento que representa a interação entre setores de uma economia sob a forma de consumo intermédio ou final. Os impactos diretos do evento na economia são os gastos diretamente atribuíveis ao evento. Esses incluem os dos participantes e os investimentos e gastos com a organização do evento (da Fundação, Dioceses e de entidades públicas).
Nestes cálculos, a PWC prevê, tendo em conta a informação fornecida pela organização, que cheguem entre 795 e um milhão de visitantes, entre peregrinos inscritos, não inscritos, outros participantes e voluntários. Menos do que o valor anteriormente anunciado que oscilava entre 1 e 1,5 milhões de peregrinos.
Os gastos médios previstos oscilam entre 30 e 163 euros por pessoa, e a estadia média entre 2 e 6 dias. Nestas contas, o gasto mínimo dos peregrinos que chegarão a Portugal é de 162 milhões, mas pode ir até 273 milhões. A este valor soma-se os gastos de 54 milhões das Dioceses e Fundação e de 60 milhões da administração central e autarquia.
O valor da produção direta, atribuível ao evento é no mínimo de €287 milhões, e pode ir até €392 milhões. A maior fatia da produção direta vai para alojamento e restauração.
A PWC esclarece que os impactos estimados partem de uma base conservadora, isto é, com atribuição de valores no limite expectável quanto ao número de participantes, nível de despesa média diária por participante, prolongamento da estadia por parte de estrangeiros e investimento público associado à organização do evento, ou seja, os montantes comunicados e ou adjudicados pelos municípios de Lisboa, Loures e Oeiras e pela Administração central.
Neste estudo não foram contabilizados efeitos tangíveis positivos que deverão decorrer de intervenções nos recintos do evento, em particular derivados da aceleração dos projetos de regeneração urbana no Parque Tejo-Trancão e na frente ribeirinha de Loures, que deverão gerar benefícios a vários níveis, tais como os resultantes da remediação e valorização ambiental e paisagística da frente ribeirinha do Estuário do Tejo.