“Se as coisas não são como desejas, deseja-as como são.” Quando li pela primeira vez este provérbio iídiche, no fim da minha vida, não consegui compreendê-lo.
Naquele dia frio e invernoso de 14 de dezembro de 1941, quando cheguei à entrada de Theresienstadt, estava gelado, exausto e assustado. Queria o meu triciclo vermelho e queria muito estar com o meu avó amoroso e com o meu pai. Queria regressar a casa, em Karlovy Vary. Mas esta não era a minha realidade naquele dia terrível e nunca mais ia ser. Como é que, de alguma maneira, poderia desejar que as coisas fossem como eram então, em Theresienstadt, e muitos menos os dias, semanas, meses e anos que vieram depois, com as suas privações, sofrimento e medo?