“Qual de vocês, malucos (nuts), tem coragem (guts)?” A entrada em cena do novo residente do hospital psiquiátrico, Randle Patrick McMurphy, encarnado pelo magistral Jack Nicholson, no filme Voando sobre um Ninho de Cucos, do realizador checo Miloš Forman, não deixa ninguém indiferente. A audácia e rebeldia do homem que se faz passar por doente mental para contornar o sistema e fugir à prisão tornam claro, desde logo, que nada será como antes para os doentes e os profissionais que ali estão, com a autoritária enfermeira Mildred Ratched (Louise Fletcher) à cabeça.
O desfecho da saga terá sido menos favorável ao protagonista – num derradeiro momento de lucidez, ele lança o repto, também aos espectadores, com um lapidar “mas pelo menos tentei, não foi?” – e o icónico filme, que há 50 anos recebeu cinco Oscars, teve o mérito de trazer à luz a eterna luta entre o indivíduo e a sociedade que o manipula e controla, ou a tensão secular entre a liberdade e o poder.