Thea Kaplan-Lee e Teresa Lee aterraram em Lisboa ao cair da noite da última sexta-feira de janeiro. Chegaram cansadas, mas aliviadas porque tinham à sua espera um apartamento mobilado, um sábado luminoso de sol e, sobretudo, um País em democracia plena. Para trás, as duas americanas deixavam os seus amigos de sempre e um belo condomínio fechado em San Diego, onde a Califórnia cola com o México. Para a frente, a grande expetativa de ambas é a de ficarem longe da influência do novo inquilino da Casa Branca.
“Quando Trump ganhou, em novembro, pensámos: ‘Graças a Deus que já iniciámos o processo de nos mudarmos para Portugal’”, recordara Thea, ainda a fazer as malas, ao telefone. “É tanto o ódio que não nos sentimos seguras nos Estados Unidos”, explicara a antiga funcionária pública, que nas últimas duas décadas trabalhou num hospital de veteranos. “Eu consigo esconder que sou judia, mas como a Teresa é de origem mexicana e o seu pai era cantonês, pertence visivelmente a uma minoria. E nós estamos juntas há 30 anos e somos casadas, mas parámos de nos apresentar como casal a estranhos.”