Membro didata da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, o psicoterapeuta e formador alerta para a necessidade de tomar a iniciativa de pôr limites ao excesso de estímulos e demandas de ação imediata em abono da saúde e para nos reapropriarmos da nossa dimensão humana.
A incapacidade de parar e não fazer nada é apenas um sinal dos tempos ou um sintoma que resulta de um mal-estar na civilização?
A esmagadora maioria dos adultos que me procuram, a partir dos 30 e mais anos, são filhos de pais separados, que cresceram em famílias monoparentais ou com pais ausentes ou que se demitiram da função parental. Noto que uma fatia importante de crianças e jovens apresenta hiperatividade e défice de atenção. A ação é a forma que encontram para lidar com a dificuldade em ligar a sua energia instintiva a alguém significativo. Além disso, também pode ser-lhes difícil investir no conhecimento, por não verem utilidade imediata nisso e pela crise de autoridade no meio familiar e escolar.