D ir-se-ia que o SIS (Serviço de Informações de Segurança), a atual secreta civil nacional, devia apresentar no seu logótipo a efígie de Pêro da Covilhã, muito provavelmente o espião mais destemido e profícuo que Portugal teve. “Poucos portugueses tiveram uma existência tão aventurosa como Pêro da Covilhã”, resume o jornalista e escritor Luís Almeida Martins, autor de 365 Dias com Histórias da História de Portugal e de História Não Oficial de Portugal (ambos com edição de A Esfera dos Livros), obras que servem aqui enquanto fontes. Chegaremos a uma longa viagem de missões secretas e perigosas de Pêro da Covilhã, do Magrebe e da Arábia ao Indostão, para terminar no interior de África.
A vida do rapaz que adotou como apelido o nome da cidade serrana de que era natural começou a mudar por volta de 1468, quando tinha uns 18 anos. Dono de uma desenvoltura que não passava despercebida aos olhares mais atentos, seria sucessivamente recrutado por um influente fidalgo andaluz, como espadachim, e pelo nosso rei D. Afonso V, para escudeiro. Não iria longe com este monarca: esteve a seu lado na invasão de Castela e na desastrosa Batalha de Toro, em 1476, ganha pelas tropas de Isabel e Fernando de Aragão, futuros Reis Católicos de Espanha. Caiu assim por terra a união ibérica que Afonso V ambicionava liderar, o que até o levou a casar-se com a sua sobrinha, D. Joana de Castela.
Pêro conseguiu identificar poderosos que conspiravam contra a coroa, como o duque de Viseu e o bispo de Évora