Meu pai, meu mentor, meu melhor amigo.
Escrever sobre ti é um belo desafio, tentar resumir tudo o que me ensinaste é uma bela tarefa de poder de síntese.
“Deseja tudo, espera pouco, não peças nada” é uma das tuas frases preferidas. Já eu, acabei por adaptá-la e dizia-te que a minha é: “Não percas nunca o desejo, a paixão e a liberdade.” É um belo resumo de tudo o que me ensinaste.
Deste-me as maiores ferramentas, as fundamentais: o prazer, a liberdade, o requinte, a solidariedade, a generosidade, a partilha, o brio, a reflexão, o humor, a humildade, o amor à família, a luta pelos ideais, a gastronomia, o cinema, a música. E sorte a minha de me teres dado dois manos incríveis.
Deste- me o gosto pelos trocadilhos. Eras o rei das anedotas. Dizias sempre que era o melhor digestivo depois de uma refeição; ensinaste-me o prazer de ficar à mesa a conversar. A Mexilhoeira Grande passou a ser o nosso destino de férias quando descobriste a Adega Vilalisa.
Juntos fizemos castings emblemáticos. Dizias:
“Os filmes ensinaram-me a viver e a vida ensinou-me a fazer filmes.” Contigo aprendi a olhar para um ator, a respeitá-lo e a admirá-lo. Contigo criei a ACT-Escola de Actores – aliás, foste tu que inventaste o nome.
Escreveste letras lindíssimas para eu cantar.
Lutaste pela TAP, pela RTP e deixaste-nos um legado incrível. Este último, então, a série de nove episódios para a RTP A Conspiração, à qual dedicaste os últimos quatro anos da tua vida, é, a meu ver, o maior testemunho e pesquisa alguma vez feito sobre o 25 de Abril.
Prometo perpetuar a tua mestria e, por último, a honrar o teu legado.
Ti amo.
*Patrícia Vasconcelos
Filha de António-Pedro Vasconcelos. É casting director, cantora e foi fundadora da ACT – Escola de Actores, no ano 2000