Descreve-se como “uma doida por livros”. Com mais de 20 mil seguidores no TikTok, Íris Bicho, 21 anos, foi das primeiras booktokers em Portugal, nome atribuído a quem usa a rede social para partilhar pequenos vídeos sobre literatura. “Comecei por acompanhar alguns booktokers internacionais e adorava ouvi-los falar sobre livros, muitos deles nem sequer estavam traduzidos em Portugal”, conta. Refere-se, essencialmente, à ficção pertencente ao segmento Young Adults (jovens adultos), com temas próximos desta geração. Como a maior parte dos amigos não gostava de ler, começou a fazer este tipo de conteúdos, “para conseguir chegar a mais pessoas que partilhassem esta minha paixão”, explica.
Não foi a única. O movimento online cresceu, ao ponto dos booktokers portugueses terem ganhado um estatuto especial na promoção da literatura – internacionalmente, representam uma das maiores comunidades no TikTok e são decisivos nas tendências livreiras –, celebrando parcerias com editoras e até com o Plano Nacional de Leitura (PNL). “Sou reconhecida em alguns sítios e até há quem me diga que começou a ler por causa dos meus vídeos, o que é ainda um bocadinho surreal, mas muito gratificante”, alegra-se Íris.
Um estudo apresentado em setembro pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), com dados de 2023 (ver infografia), apontava a faixa etária dos 15 aos 24 anos como a que mais cresceu na compra e na quantidade de livros lidos (mais de 40%, em relação a 2022). O discurso simples e entusiástico adotado nas apresentações dos booktokers parece favorecer a aproximação às obras.
Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou, em outubro de 2023, as conclusões do Inquérito à Educação e Formação de Adultos, e referia que a leitura de livros aumentou, de 2016 para 2022, de 38,8% para 41,3%. O crescimento verificou-se, sobretudo, na faixa dos 18 aos 34 anos (de 44% para 48,6%), e dos 35 aos 54 anos (de 38,6% para 43,4%). Mais de dois terços leu menos de cinco livros nos últimos 12 meses (69,5%).
No caso de Íris Bicho, a relação com a literatura estava facilitada. A mãe é uma ávida leitora e levava a filha a participar, desde pequena, em atividades de incentivo à leitura, e a avó também comprava à neta imensas obras. “Foram as minhas maiores influências”, confessa Íris.
A estudante do mestrado de Ciências Empresariais confessa que, antes da pandemia, este não era o seu passatempo mais consistente. “Sou muito irrequieta e, durante o confinamento, sentia que já tinha feito tudo o que havia para fazer em casa”, conta. Nessa altura, a mãe passou-lhe para as mãos um exemplar antigo de Orgulho e Preconceito, o clássico de Jane Austen. “Foi o momento perfeito! É um dos meus livros preferidos”, refere. Atualmente, é capaz de devorar 20 obras por mês. “Leio muitos géneros [por mês, são-lhe enviados entre 30 a 40 livros pelas editoras] … mas prefiro os thrillers e as distopias”, acrescenta.
Íris rebate quem aponta o dedo à qualidade da categoria Young Adults, a mais recomendada pelos booktokers. “Para alguém que não gosta de ler e cujo primeiro contacto com os livros é a partir das leituras obrigatórias da escola, muito densas e complicadas, começar com literatura mais fácil pode abrir caminho para obras mais complexas”, sublinha.
Quando é convidada para visitar escolas e bibliotecas, Íris faz questão de passar a mensagem de que, mais do que obrigar os estudantes a ler esta ou aquele título, é importante mostrar que “há livros sobre tudo, para todos os gostos… só temos de procurar”. Provavelmente, cada pessoa encontrará um à sua medida.
O livro certo
A tendência de crescimento do mercado livreiro – no ano transato foi de 7% (ver infografia), mas já tinha sido de de 16% em 2021 e de 15% em 2022 –, continua a verificar-se em 2024. “No final de setembro, face ao mesmo período do ano anterior, tinha crescido 8,5%”, aponta Pedro Sobral, presidente da APEL. Um aumento verificado, sobretudo, nas faixas etárias mais novas, nomeadamente na categoria de ficção, algo que nunca tinha acontecido em Portugal. “Esta grande comunidade de leitores vai permitir um crescimento com alguma sustentabilidade nos próximos anos”, acredita.
Casos como o de Íris, de redescoberta da leitura durante os confinamentos, foram muito comuns. “O que as redes sociais fizeram foi ampliá-la por biliões de pessoas, com muita rapidez, e houve esse encontro com conteúdos que podem, literalmente, mudar uma vida”, sublinha Sobral. Há outro fator que os editores conhecem bem. “No momento em que a pessoa encontra o livro certo, muito dificilmente o hábito de leitura não se instala, seja em que idade for.”
Existe sempre o receio de tratar-se de uma moda passageira. Por isso, iniciativas como a do cheque-livro (ver caixa), proposta pela APEL, são essenciais. O programa permite que jovens de 18 anos possam usufruir de 20 euros na compra de livros, de escolha livre. “As estatísticas mostram que, por volta desta idade, o interesse pela leitura se perde um pouco, o que é natural, porque há muitos outros estímulos… desta forma, redescobrem o prazer de frequentar uma livraria”, defende Pedro Sobral.
Há quem seja cauteloso na análise e recorde o inquérito realizado às práticas culturais em Portugal, encomendado pela Fundação Gulbenkian ao Instituto de Ciências Sociais, de 2020, que contrastava com os números da APEL, ao apontar que 61% dos inquiridos, no último ano, não leram qualquer livro impresso.
“Estamos a comparar estudos diferentes, feitos com alguns anos de diferença”, contrapõe Regina Duarte, comissária do Plano Nacional de Leitura. “No último ano da pandemia verificou-se uma tendência (não só em Portugal), de aumento dos níveis de leitura e que, posteriormente, continuou a subir. Essa foi a grande surpresa, porque poderia ter sido um fenómeno circunscrito ao facto de estarmos fechados em casa e termos menos oferta.” Curiosamente, muitos jovens viam nos livros uma alternativa aos ecrãs, em relação aos quais manifestavam algum cansaço. “Sou uma pessoa otimista, mas não conseguiria antecipar, há quatro anos, que a leitura ganharia este caráter moderno, trendy”, observa Regina Duarte.
A comissária do PNL também realça o efeito booktoker e descarta a crítica feita a estes influenciadores de privilegiarem uma literatura fácil. “O hábito de leitura em si é sempre positivo, porque quem se vê e se sente confiante como leitor, sente-se também confiante para conhecer outros mundos e outros autores”, considera. “Isso tem acontecido. Há clássicos que estão a ser reeditados, como as obras da Jane Austen, e que aparecem nas redes sociais à boleia de outra literatura mais popular e mais leve. Não podemos olhar para estas tendências como superficiais, temos de vê-las sem preconceitos.”
Para Regina Duarte, “o erro é assumirmos que há um perfil de bom leitor, aquele que lê os clássicos, os tratados filosóficos ou a literatura erudita. Há literatura de grande qualidade a chegar do mundo inteiro e para todos os leitores, e o PNL tem trabalhado nesse sentido, a divulgar leituras que chegam a todos”. De facto, no catálogo online, é possível fazer uma busca muito apurada das recomendações (seja por idade, nível de leitura, género) e não faltam sugestões temáticas originais, desde o “livro que nos faz sentir mais inteligentes” ao “livro com choro garantido”.
Para aferir as práticas de leitura atuais entre o público escolar, foi realizado o estudo Práticas de Leitura dos Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário, uma parceria entre o PNL e o Observatório Português das Atividades Culturais (OPAC). Por enquanto, conhecem-se apenas alguns dados preliminares. Numa análise comparada de três inquéritos, feitos em 2019, 2021 e 2023 (os dois primeiros a uma amostra de mais de 20 mil alunos; o terceiro a uma amostra de mais de 31 mil), os resultados mostram uma melhoria das bibliotecas das famílias dos alunos dos vários ciclos e níveis de ensino, exceto no terceiro ciclo. “Os dados sugerem ainda que o nível de escolaridade dos pais é um fator muito importante para explicar a dimensão da biblioteca doméstica”, indicam as conclusões. A correlação é óbvia: quantos mais livros tiveram espalhados pela casa, maiores serão os índices de leitura dos estudantes.
Os resultados do Barómetro’ 23 mostram que a leitura de livros é elevada em termos percentuais (sempre acima dos 70%), sobretudo no 1.º e 2.º ciclos (acima dos 90%), com resultados ligeiramente superiores aos verificados em 2019 e 2021. Mas onde há mais crescimento é no terceiro ciclo (de 82,6 para 90,4%) e no ensino secundário (de 73,8% para 78,2%).
Uma comparação entre os inquéritos revela ainda um aumento da percentagem de alunos com mais de 100 livros em casa e uma diminuição do grupo de alunos com menos de 20 títulos. “Verificámos também que, em termos gerais, cerca de um em cada quatro alunos têm menos de 20 livros em casa, constatação que deve ser objeto de reflexão por parte dos decisores políticos”, sublinham os autores.
Bibliotecas democráticas
No caso de Margarida Carvalho, 60 anos, o gosto pela leitura vem de tenra idade. Os livros podiam não abundar na casa dos seus pais – até tinha de fugir para a casa de banho ou para o fundo do quintal para ler os do Tio Patinhas –, mas as bibliotecas públicas colmatavam essa falha. Agora, juntamente com a filha e a neta, Filipa e Vitória Ribeiro, de 34 e 8 anos, faz da Biblioteca Municipal Florbela Espanca (BMFE), em Matosinhos, um pouso frequente.
“A minha mãe estava constantemente a incentivar-me a ler, mas só por volta dos 15 anos fiquei cativada por um romance [A Vida Secreta das Abelhas, de Sue Monk Kidd, um best-seller mais tarde adaptado ao cinema]… julgo que me faltava descobrir o que realmente apreciava”, recorda Filipa. Atualmente, devora em média um livro por semana e é ela quem faz muitas recomendações à mãe.
Além de romances, gosta muito de livros infantis e, já quando Vitória crescia na sua barriga, lia-lhos em voz alta. “Adoramos vir juntas à biblioteca, seja para participar na Hora do Conto, seja para passar a tarde, a explorar o que há nas prateleiras”, conta a educadora parental. “Gostava que ela ficasse com esse bichinho… Para mim foi extremamente importante, tinha dificuldades na escrita e melhorei significativamente”, observa Filipa. Ainda hoje mantêm a rotina de ler em conjunto, antes de adormecerem.
Estão provados os estímulos proporcionados pela leitura em família: melhora as competências de literacia; proporciona o desenvolvimento emocional e cognitivo; enriquece o vocabulário e a linguagem; alarga o conhecimento do mundo, de nós próprios e dos outros; reforça os laços afetivos entre gerações. No último lançamento de Michel Desmurget, Ponham-nos a Ler! A leitura como antídoto para os cretinos digitais, o especialista no desenvolvimento cognitivo infantil e juvenil reforçava, precisamente, que os “livros nos tornam melhores, pela capacidade de cultivar a mente, fecundar a imaginação, reparar a psique, acabar com a solidão, derrubar o obscurantismo, desenvolver a linguagem, salvaguardar as memórias coletivas”.
Diga-se de passagem que o edifício da BMFE, da autoria do arquiteto Alcino Soutinho, rodeado de um espelho de água e com as amplas vidraças a garantir luz abundante, é especialmente apelativo. A agenda de atividades ajuda igualmente a cativar utentes: além da Festa da Poesia e do festival Literatura em Viagem (LeV), há uma comunidade de leitores (atualmente orientada pelo escritor Nuno Camarneiro), horas do conto, exposições, oficinas e apresentações de livros.
“Em 2023, visitaram-nos cerca de 55 mil pessoas, emprestamos mais de 60 mil exemplares, e registamos mais de 1 500 leitores novos, num total de mais de 30 mil inscritos”, aponta Nuno Cabo, chefe de divisão da biblioteca de Matosinhos. “Cremos que metade visita-nos com regularidade. Pertencem a diferentes faixas etárias, alguns deles muito jovens”, acrescenta. Aliás, têm investido na aquisição do género Young Adults e também Manga (banda desenhada japonesa), em resposta aos pedidos da população mais nova.
A Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) é a rede cultural com cobertura mais expressiva, estando presente em 303 dos 308 municípios do País (as exceções são Aljezur, Marvão, Terras de Bouro, Vila Viçosa e Calheta, onde foram criadas bibliotecas itinerantes). “São dos espaços mais democráticos que se conhecem, porque disponibilizam recursos de forma completamente gratuita”, valoriza Nuno Cabo.
O reforço do papel da RNBP (através de contratos-programa articulados com os municípios) foi uma das bandeiras anunciadas, recentemente, pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues. Uma aposta na descentralização, com as bibliotecas a serem vistas como “Unidades Culturais de Território”. Ali serão implementados uma série de programas, desde o reforço dos acervos, à circulação de autores portugueses e de professores de Literatura pelas bibliotecas, passando por residências artísticas e bolsas de criação literária.
Festa dos livros
Ligado ao LeV esteve Paulo Ferreira, fundador da Booktailors, empresa que conta no seu currículo a organização de vários eventos literários pelo País (como o Húmus, em Guimarães, ou o Utopia, em Braga). Inspirados pelo decano Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim – já com 25 edições realizadas e um público fidelizado –, “percebemos que haveria espaço para espalhar esta ideia bonita dos festivais literários, lugares descontraídos e descomplexados de acesso ao livro”, recorda. “O grande desafio destes eventos é falar não só para os evangelizados, mas alargar a base de leitores.”
Desmistificar a figura do escritor, isolado numa torre de marfim, foi prioritário. “Tentamos ao máximo quebrar a barreira e fazer com que estejam disponíveis para falar com os leitores, respeitando a personalidade de cada um”, acrescenta. Recorda-se, por exemplo, do sucesso provocado por Valter Hugo Mãe no FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, com a audiência a aplaudi-lo de pé, e de como fez explodir o seu reconhecimento no Brasil.
Presença frequente é igualmente o escritor José Eduardo Agualusa, que diz encontrar muitos jovens nos festivais literários. “Creio que, hoje, há mais leitores a chegarem da literatura juvenil para a literatura adulta do que acontecia há uns anos. O Harry Potter foi um fenómeno global, formou muitos leitores. Quem leu a coleção completa, fez uma preparação para ser um grande leitor”, sublinha o autor angolano.
Para que os festivais não se esgotem na festa, “é essencial respeitar os territórios, olharmos para a realidade que existe e para as estruturas locais, que durante o ano inteiro fazem o seu trabalho de mediação da leitura, e contar com o seu envolvimento. Não tenho dúvidas de que, onde foi feita essa aposta, forjámos leitores”, aponta Paulo Ferreira.
Bom aconselhamento
Localizada numa rua secundária do Porto, com uma montra discreta, a Flâneur não é, seguramente, um lugar de passagem, mas “de paragem”, como sublinha Arnaldo Vila Pouca que, juntamente com Cátia Monteiro abriu, em 2015, a livraria independente. Na verdade, o rodopio de clientes a vaguear por ali, a um sábado de tarde recente, era significativo. O ambiente acolhedor convida a deixarem-se ficar, a folhear as obras ou a participarem numa das atividades regulares. “Conseguimos criar uma comunidade, que tem crescido”, explicam.
De facto, um estudo comparativo sobre hábitos de leitura e compra de livros, lançado pela European and International Booksellers Federation, indicava que cerca de 25% dos portugueses compram exclusivamente em livrarias físicas (contrastando com a média internacional de 14%), e preferem as independentes, graças à conveniência, às promoções e à atmosfera agradável. Mas só 37% dos adultos encara a leitura como um passatempo (ainda assim, acima da média europeia, de 34%).
O envolvimento emocional da dupla na condução dos destinos da Flâneur é enorme. “Temos de ter tempo para escutar e conhecer as pessoas. Quando nos pedem conselhos, é como se estivéssemos a escolher para alguém que nos é muito querido. Há muita partilha… afinal, quando falamos de livros, também falamos de nós, não é?”
Era nesse espírito de partilha que, naquela tarde, decorria a tertúlia literária Felicidade Clandestina (nome emprestado de um dos títulos de Clarice Lispector), desta vez sobre A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. “Sendo a leitura uma atividade solitária e subjetiva, ao chegarmos aqui temos várias vivências do livro. É muito enriquecedor e estimulante ouvir outras perspetivas, ficamos a pensar nelas”, explicava Isabel Topa, a moderadora. Um a um, são convidados a ler algumas passagens marcantes. “Os sublinhados são como âncoras, de vez em quando pego num livro de propósito para os ver, pode ser que me valham de alguma coisa naquele dia”, confessa Francisca, uma das participantes. Porque a literatura também salva.
Rodas literárias
Nos últimos anos, o crescimento dos clubes de leitura é inegável. O PNL criou, inclusive, tutoriais e linhas de financiamento para apoiar a sua criação (nas escolas, no Ensino Superior, em empresas e associações).
As Heróides era um sonho de longa data de Sara Barros Leitão. O dinheiro ganho pela atriz, dramaturga e encenadora com o Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II (no valor de cinco mil euros), em 2000, foi integralmente gasto na produção deste clube do livro feminista. “Olhar para as obras de um ponto de vista feminista é encontrar um mundo habitado por muitas pessoas, e sair da hegemonia do homem branco de classe média”, explica.
Desde então, desafia-se “a ler livros que, à partida, não leria sozinha. Sinto-me acompanhada nas leituras, que foram muito diversas e permitiram-me alargar os horizontes: já lemos teses de doutoramento, poesia, literatura infantil, queer, quase sempre escritas por mulheres, de todo o mundo”, relata. “Criou-se uma comunidade, somos cerca de 80 pessoas completamente fiéis e outras que vão flutuando, e isso é o mais comovente.”
Entretanto, no Espaço Cassandra, onde está sediada a sua estrutura artística, aproveitou-se uma sessão presencial das Heróides (ocorrem maioritariamente online, uma vez por mês, por inscrição livre) para inaugurar uma pequena livraria, onde estão muitas das obras abordadas ao longo destes quatro anos de existência.
Desta vez, o livro escolhido, A Desobediente, biografia de Maria Teresa Horta escrita por Patrícia Reis, foi votado pela comunidade, mas as escolhas costumam estar entregues a convidados. “Não são especialistas nos livros ou editores e isso também nos deixa livres para falarmos com sinceridade. É muito comum alguém dizer ‘não gostei do livro’ e outra responder ‘mas eu adorei! Como é que não gostaste?’. O debate é muito aberto e respeitoso”, comenta Sara.
Sara gosta de partilhar a história de um pai que começou a frequentar as Heróides por causa da filha, de 16 anos, “a passar por um processo de emancipação enorme, como qualquer adolescente, e a descobrir-se politicamente”. “Participava para conseguir estar mais próximo dos interesses da filha, e isso é muito bonito, a possibilidade de diálogo intergeracional que o clube proporciona.”
Enquanto elemento agregador, a leitura dificilmente ficará fora da moda. Venham os fenómenos que nos põem a ler!