Mergulhadas num silêncio repleto de vibrações ancestrais, as Dolomitas são uma cordilheira dos Alpes orientais, que ocupa três províncias do Norte de Itália (Trentino-Alto Adige, Veneto e Friuli Ocidental), declarada pela UNESCO, em 2009, Património da Humanidade.
“São pedras ou são nuvens? São verdadeiras ou apenas um sonho?” A pergunta de Dino Buzzati em Le Montagne di Vetro ecoa entre as paredes mastodônticas destas catedrais de rocha com cumes que rasgam o céu a mais de três mil metros de altitude. É que, independentemente da estação do ano, elas parecem dar sempre o melhor de si.
A primavera chega carregada de flores, que ladeiam milhares de trilhos pensados para dar passeios a pé ou de bicicleta, o verão é a altura ideal para mergulhos na água azul-celeste dos lagos de Braies, Misurina ou Carezza, o outono transforma o cenário numa paisagem quase lunar e o inverno inaugura a época alta, durante a qual as mais de 400 estâncias de ski existentes oferecem 1 275 km de pistas.
Eleger um só lugar é difícil, porém a pequena e refinada localidade de Madonna di Campiglio, na região de Trentino-Alto Adige, encaixada num vale a 1 550 metros de altitude, agrada a gregos e a troianos. Que é como quem diz, aos que não veem a hora de se fazerem aos 156 km de pistas que ligam Madonna di Campiglio, Pinzolo e Folgarida-Marilleva e aos que preferem passear pelas ruas do centro, onde joalharias e perfumarias convivem com lojas especializadas em material de desporto, boutiques de alta-costura e mercearias gourmet, que vendem especialidades típicas da região, como chips de maçã seca e speck.
É imperdível uma visita à zona vinícola das aldeias vizinhas Pelugo e Mortaso, onde pequenos produtores estão a investir, cada vez mais, na produção de vinhos biológicos. É o caso do ex-campeão mundial de ski Paolo Pangrazzi, com o seu Maso Loera, e o de Riccardo Collini e da mulher Gisella, com o turismo rural Il Petar, onde, além da produção de vinho, implementarão o cultivo de vegetais recorrendo à técnica sustentável da agrofloresta. Para uma experiência Michelin, nada como o menu que Antonio Lepore criou para o galardoado Stube Hermitage.
Madonna di Campiglio é apenas um dos muitos exemplos da beleza natural e cultural que caracteriza as Dolomitas. À semelhança desta pequena aldeia, muitas outras se escondem ao longo de centenas de quilómetros, maravilhando quem tiver a sorte de as encontrar.