A entrada na idade adulta é aquela fase em que tudo parece possível e o futuro é risonho. O sorriso aberto e a leveza na voz de Carolyne Veloso, uma jovem adulta brasileira residente em Benfica, Lisboa, não levantam qualquer suspeita sobre o fardo que carrega. Em circunstâncias normais, a consultora estaria no local de trabalho, mas a baixa já dura há dois anos.
Tinha 28 anos, naquele abril em que todos se fecharam em casa por causa de um misterioso vírus, quando um nódulo na mama direita a levou ao IPO de Lisboa. Quatro anos antes, iniciara uma vigilância apertada, após um teste genético positivo. Ainda estava a fazer o luto da mãe, a quem o cancro ceifou a vida, em 2018, quando recebeu a notícia: cancro da mama triplo negativo, associado à mutação do gene BRCA1. “Desta vez, era eu; só queria ficar bem e nunca tive medo.” Deram-lhe logo a opção de fazer criopreservação de óvulos antes do tratamento, pelo risco de não poder engravidar depois.
Só queria ficar bem e nunca tive medo”
Carolyne Veloso, 32 anos, a ser seguida há quatro no IPO de Lisboa, tinha 28 quando lhe foi detetado um cancro da mama triplo-negativo, ligado à mutação do gene BRCA1. Fez preservação da fertilidade, mastectomia total e reconstrução mamária. Ainda a tratar as metástases, mantém a normalidade possível