Estava escrito nas estrelas. Era apenas uma questão de tempo até que o excelente trabalho que Rúben Amorim vinha a desenvolver desde 2019 no Sporting acabasse com a saída do treinador para abraçar um projeto de maiores dimensões num dos principais campeonatos da Europa. Pela preferência que nunca escondeu pelo futebol inglês, percebia-se que a Premier League era o destino de eleição do português. O que poucos estariam à espera, incluindo, provavelmente, o próprio, é que aos 39 anos de idade lhe fosse oferecido o seu lugar de sonho, a hipótese de treinar o Manchester United. Não haverá, no mundo do futebol, muitos cargos tão apetecíveis para qualquer treinador como o posto que já foi de Sir Alex Ferguson. Talvez só mesmo Real Madrid, FC Barcelona, Liverpool ou Bayern de Munique representem, pelo historial e poderio futebolístico e financeiro, um apelo semelhante para qualquer profissional deste desporto. Foi, por isso, perfeitamente natural que Rúben Amorim não tenha pensado duas vezes, quando a oportunidade lhe bateu à porta, mesmo que, para isso, tivesse que deixar por cumprir a promessa que fez, em maio deste ano, em pleno Marquês de Pombal, de tudo fazer para conduzir o Sporting à conquista do bicampeonato.
No seu tom habitualmente cordial e bem-disposto, foi o próprio técnico do Sporting quem fez questão de explicar, na última sexta-feira, 1, as razões que o levaram a aceitar o desafio. Recordando que já recusara, num passado recente, a hipótese de rumar a outros clubes que lhe ofereciam melhores ordenados e estavam dispostos a pagar a sua cláusula de rescisão, garantiu que, depois do Sporting, “era só este o clube que queria”. Terá ainda tentado ir para Manchester apenas no final da época. “Foi-me dito que era agora ou nunca. Se eu não tivesse aceitado, poderia ter-me arrependido”, explicou tranquilamente, antes de confessar que o ingresso no United lhe vai permitir fazer um trabalho semelhante àquele que teve oportunidade de desenvolver no Sporting. Há 5 anos, quando deixou a meio um trajeto que estava a ser de enorme sucesso no Sporting de Braga foi porque percebeu a oportunidade que seria, para si, poder reerguer um clube que passava por um período de instabilidade e não vencia o campeonato há oito anos. Agora, deixa para trás a hipótese de cumprir o sonho de os sportinguistas voltarem a festejar um bicampeonato, para ter nas mãos a oportunidade de reerguer um colosso europeu adormecido, que não festeja um título de campeão de Inglaterra desde a época 2012/13.