A manifestação convocada para este sábado às 15h no Marquês de Pombal, pelo movimento Vida Justa para pedir Justiça pela morte de Odair Moniz, já não vai acabar em frente à Assembleia da República. Uma vez que foi autorizado que uma contramanifestação do Chega de apoio à polícia para terminar no mesmo local à mesma hora, o Vida Justa optou por alterar o trajeto para evitar confrontos entre manifestantes.
“O movimento da Vida Justa condena a decisão das autoridades de permitir que o Chega termine a sua contramanifestação no mesmo local da manifestação Sem Justiça não há Paz, na Assembleia da República. Por isso, o Vida Justa decidiu alterar o local de destino da sua manifestação para a Praça dos Restauradores”, lê-se num comunicado enviado às redações.
Para este movimento, que tem trabalhado nos bairros periféricos e fez já várias manifestações, a decisão das autoridades de permitir que a contramanifestação convocada pelo Chega termine no local para onde muito antes tinha sido feita a convocatória do Vida Justa é “irresponsável”.
“Estamos cientes que o Chega, que defende que Portugal estaria melhor se os polícias matassem mais pessoas, está interessado em criar incidentes, mas a manifestação dos bairros é pacífica e responsável, mesmo quando as autoridades não o estejam a ser”, diz o comunicado do Vida Justa.
Nuno Ramos de Almeida, do Vida Justa, já tinha dito à VISÃO que o movimento estava em contacto com o Ministério da Administração Interna e a PSP para garantir que os dois protestos não se cruzavam, evitando potenciais conflitos e desacatos.
No entanto, as autoridades não deram resposta aos pedidos do Vida Justa no sentido de forçar o Chega a escolher outro local para terminar a sua manifestação. Por isso, o movimento tomou a iniciativa de alterar o trajeto da sua manifestação para assegurar que tudo decorre da forma mais pacífica possível.
São 85 os coletivos que aderiram à manifestação do Vida Justa
O Vida Justa tem também denunciado a forma como “perfis de extrema-direita” estão a divulgar convocatórias falsas para atos de vandalismo no centro de Lisboa, tentando acicatar ainda mais os ânimos nos bairros periféricos, onde nos últimos dias a revolta contra a violência policial se manifestou através do incêndio de autocarros e de mobiliário urbano, tendo ficado gravemente ferido o motorista de um autocarro da Carris, quando terminava a carreira na Cidade Nova.
Segundo o movimento Vida Justa, 85 coletivos e organizações aderiram já à convocatória da manifestação Sem Justiça não há Paz.
“Vamos ser muitos a marchar do Marquês aos Restauradores, no sábado, 26 de outubro, às 15h00, por justiça para Odair Moniz, por bairros sem violência policial e por justiça social para as pessoas dos bairros”, assegura a organização do protesto.