Iguaria muito apreciada em Portugal, as castanhas estão de volta (ou quase) e marcam, para muitos, o início do outono. Um alimento sazonal, este fruto é muito consumido durante os meses de inverno, com destaque para o dia de São Martinho, que se assinala a 11 de novembro.
As castanhas – e a sua farinha – foram durante séculos fundamentais para a alimentação humana, chegando até a servir de substituto ao pão em anos de más colheitas. Os historiadores acreditam que o castanheiro, uma árvore oriunda da Ásia Menor, tenha sido trazido para a Europa durante o império Romano e que, posteriormente, tenha sido levado para outros continentes durante as expansões marítimas. Sendo uma árvore de lento crescimento, os castanheiros demoram entre 25 a 30 anos a dar fruto e só atingem a sua maturidade a partir dos 100 ou 150 anos. Mas introdução de novos alimentos nos séculos XV e XVI, como a batata e o milho, provenientes do continente americano, resultou num menor consumo da castanha, outrora um pilar na subsistência das populações.
Apesar de pequenas, as castanhas são um fruto muito nutritivo e com muitos benefícios para a saúde. Sendo um alimento muito versátil, podem ser consumidas cozidas, assadas, como acompanhamento – substituindo a batata, massa ou arroz – ou em sobremesas e bolos.
Alguns benefícios para a saúde:
De nome científico Castanea sativa Miller, a castanha é um fruto muito rico em diversos minerais, vitaminas e hidratos de carbono.
- Rica em potássio e magnésio: Com elevados níveis de potássio, magnésio e ferro, castanha é uma fonte muito rica em minerais e aconselhada para quem pratica muito exercício físico. O potássio, por exemplo, é um mineral que ajuda a controlar os níveis de pressão arterial, contribuindo para a saúde cardíaca. Já o magnésio, um principais minerais da castanha, pode ser muito benéfico para pessoas sujeitas a maiores níveis de stress físico e psicológico, ajudando-as a relaxar e até a dormir. A castanha possui ainda cálcio, fósforo, zinco, cobre e selénio.
- Uma fonte de hidratos de carbono: Constituída maioritariamente por hidratos de carbono complexos (glúcidos), a castanha possui quantidades significativas de amiloses (glicose) e amilopectinas (amido), que permitem o desenvolvimento da flora intestinal e a produção de ácidos gordos. O amido, de absorção lenta, previne ainda a subida repentina de glucose no sangue, tornando este alimento indicado para quem tem diabetes. Na sua composição encontram-se ainda proteínas, lípidos, água.
- Promove a saúde cardíaca: Para além dos hidratos de carbono, as castanhas possuem diversos compostos fitoquímicos – como a luteína e a zeaxantina, fundamentais para o desempenho do organismo – e fenólicos – anti-oxidantes associados à diminuição do risco de doenças cardiovasculares.
- Alto teor de fibra: O alto teor de fibra presente na castanha contribui para a diminuição dos níveis de colesterol e gordura e estimula a presença de bactérias probióticas benéficas no intestino (bifidobacterium e lactobacillus), que ajudam a reduzir a inflamação e as enzimas bacterianas fecais – associadas a alguns cancros do intestino.
- Rica em vitaminas: A castanha é ainda rica em vitaminas do complexo B (B1, B2, B6), folato, tiamina e vitamina C, que contribui para o funcionamento do sistema imunitário e para a redução do cansaço e fadiga. Segundo o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável da DGS, bastam “dez castanhas assadas para fornecer ao organismo “36% das quantidades necessárias de vitamina C, 14 % da tiamina necessária, 21% da vitamina B6 e 15% do ácido fólico”.
- Tem um baixo valor calórico: Comparativamente aos frutos secos, a castanha tem um menor teor calórico. Devido ao amido presente na sua composição e alto teor em fibra, este fruto contribui para o controlo do apetite e ajuda a regular o trânsito intestinal.
- É indicada para celícos: Por ser isenta de glúten, a castanha é uma boa opção para doentes celíacos ou pessoa com sensibilidade ao glúten.
No entanto, e à semelhança de outros alimentos como o tremoço ou o amendoim, as castanhas devem ser consumidas com moderação. Devido ao seu elevado teor de fibra, este fruto pode provocar alguma flatulência dado que, ao chegar ao intestino, a fibra é fermentada pelas bactérias intestinais, resultando assim na criação de gases. Uma condição que pode ser reduzida se a castanha for cozida, por exemplo, com erva-doce.