Quase 40 polícias ficaram feridos na terça-feira à noite devido a confrontos violentos em Southport, no noroeste da Inglaterra, após uma vigília pela morte de três crianças, uma das quais de nacionalidade portuguesa, num ataque realizado num centro comunitário. As autoridades locais divulgaram que os manifestantes incendiaram carros, atiraram tijolos a uma mesquita local, danificaram uma loja e atearam fogo a caixotes do lixo.
“Atendemos 39 pacientes no total, todos policiais: 27 foram levados ao hospital e 12 foram atendidos e tiveram alta no local”, informou, em comunicado, o Serviço de Ambulâncias inglês. Oito polícias sofreram ferimentos graves, incluindo fraturas, enquanto outros sofreram ferimentos na cabeça e no rosto.
A polícia de Merseyside já admitiu que os envolvidos nos desacatos podem ser apoiantes da Liga de Defesa Inglesa de extrema-direita.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, explicou que o grupo tinha “ invadido” uma vigília pacífica realizada em homenagem aos mortos e feridos no ataque “com violência e brutalidade” e “insultado a comunidade que está de luto”. Os envolvidos “sentirão toda a força da lei”, escreveu Starmer, numa declaração publicada na rede social X (antigo Twitter).
Extrema-direita portuguesa aproveita o caso
Como habitualmente, os grupos de extrema-direita têm utilizado este ataque para espalhar teorias racistas e xenófobas. Também em Portugal, o Grupo 1143, liderado pelo neonazi Mário Machado, tem aproveitado a tragédia para espalhar o seu discurso anti-imigração e anti-islão. Na noite de terça-feira, vários elementos deste movimento de extrema-direita realizaram ações de homenagem à criança portuguesa em duas das principais artérias de Lisboa e Porto. O grupo tem usado o caso para defender a remigração massiva – um conceito político que visa o repatriamento forçado de imigrantes não brancos.
As autoridades já confirmaram que o autor do ataque vivia numa localidade a cerca de oito quilómetros do sítio do ataque. O jovem de 17 anos está detido e a arma utilizada foi apreendida. Desconhece-se, para já, a sua identidade e as motivações para o ataque. A investigação já terá descartado a possibilidade de tratar-se de um ataque terrorista. As investigações prosseguem.
Recorde-se que, na manhã de segunda-feira, um jovem de 17 anos atacou um centro comunitário para crianças e grávidas na cidade de Southport, onde decorria um evento de dança e ioga para crianças dos seis aos 11 anos, inspirado na cantora norte-americana Taylor Swift. O ataque resultou em três vítimas mortais, com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos.
Uma das vítimas mortais era portuguesa. A menina, de apenas nove anos, vivia com os pais, naturais da Madeira, em Southport. A criança faria 10 anos no próximo mês de outubro. As autoridades confirmam ainda que há cinco crianças e dois adultos internados em estado considerado crítico.