O à-vontade no palco foi conquistado nos 16 anos passados a praticar danças de salão. Foi também nessa altura que Mafalda Rebordão começou a desenhar as próprias roupas, com cortes, padrões e cores exuberantes, que agora se destacam num qualquer painel cinzentão de palestrantes. “Quando comecei a dar aulas na faculdade [de Cálculo, na Nova SBE], um professor, que eu admirava imenso, comentou que o tipo de roupa que eu usava não era apropriado à minha inteligência. No dia seguinte, fui ao seu gabinete e disse-lhe que provavelmente ele tinha razão e que eu seria julgada, em muitos sítios, pela forma como me vestia, mas até preferia essa seleção natural, porque não queria estar nesse tipo de ecossistemas”, conta a economista. Aos 27 anos, Mafalda ainda sente, muitas vezes, essa resistência inicial, principalmente quando é a única jovem mulher na sala. “Mas isso é rapidamente ultrapassado quando começo a falar”, esclarece.
Quem a ouve, durante alguns minutos, deixa-se contagiar imediatamente pelo entusiasmo e pela frescura das ideias. Valeram-lhe o convite para trabalhar na Google de Londres, nos últimos cinco anos, a integração no Executive Board da Nova SBE, o convite do Presidente da República para fazer parte dos 30 jovens pertencentes ao grupo de reflexão “O Futuro já Começou” ou a seleção como Líder Mundial Promissora, pelo St. Gallen Symposium. “Fui a primeira portuguesa, algo que se repetiu noutras ocasiões… Inicialmente, pensava que o meu papel era abrir a porta, mas não, é deixar a porta aberta, para garantir que outros portugueses possam entrar.”