À semelhança dos medicamentos fora do prazo de validade ou não usados, também os restos de xarope ou spray e respetivas embalagens devem ser entregues numa farmácia ou parafarmácia (local de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica). Deste modo, todos os frascos, bisnagas, cremes, cartelas – e até bulas – que ficam após terminar um medicamento devem ser entregues a um estabelecimento farmacêutico e depositados num contentor VALORMED, responsável pela gestão recolha destes materiais.
“Nos pontos de recolha da VALORMED devem ser entregues não apenas os medicamentos que já não utiliza/necessita e os que estão fora de prazo, mas também os materiais usados no acondicionamento e embalagem dos produtos (cartonagens vazias, folhetos informativos, frascos, blisters, ampolas, bisnagas, etc.). De igual modo, também devem ser entregues os acessórios utilizados para facilitar a sua administração (colheres, copos, seringas doseadoras, conta gotas, cânulas, etc.)”, pode ler-se na página da VALORMED.
Criada em 1999, a VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão de resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Com pontos de recolha espalhados pelo continente e ilhas, a empresa foi desenvolvida com o objetivo de colocar à disposição dos cidadãos um sistema cómodo e seguro para a entrega dos medicamentos e respetivos materiais.
Segundo a empresa, a entrega ou depósito destes resíduos – especialmente os que ainda contenham resto de medicamento – assenta em três objetivos que passam por: evitar que sejam despejados no lixo doméstico ou na rede de esgotos, de forma não puluir o ambiente; a reciclagem dos materiais de embalagem e acondicionamento após a separação e classificação dos resíduos; e a eliminação – através de incineração – dos restos dos medicamentos.
A sua entrega garante, sobretudo, que não exista uma contaminação dos solos e águas pelas substâncias presentes nos medicamentos. Uma vez que nem todos os constituintes dos medicamentos são neutralizados e tratados nas estações de tratamento de águas e esgotos, estes, quando erradamente depositados, podem ter efeitos nefastos para o ambiente, ao contaminar os solos e sistemas de águas. Investigações científicas anteriores já verificaram o impacto que alguns medicamentos, especificamente os hormonais, têm no sistema reprodutor dos peixes. Quando descartados incorretamente, os químicos encontrados nestes medicamentos espalham-se pelas águas do oceano e, ao entrar em contacto com os peixes, podem torná-los “hermafroditas”, afetando o tamanho dos cardumes.
O que NÃO DEVE ser entregue na farmácia?
Existem, contudo, certos materiais que não devem ser entregues nas farmácias, sobretudo pelos riscos que acarretam para quem os manipula ao longo do sistema de recolha e transporte. Assim, objetos como agulhas, seringas ou qualquer outro material perfurante não devem ser depositados nos contentores VALORMED.
Ademais, objetos como termómetros de mercúrio, produtos químicos e materiais cirúrgicos – que incluem gaze, algodão, álcool etílico, água oxigenada – também não devem ser entregues no contentor. Estes devem ser entregues nas farmácias apenas durante um determinado período anual estipulado pela AMI – Assistência Médica Internacional – que procede à sua recolha. Testes rápidos à Covid-19 também não devem ser descartados nos contentores VALORMED.