Quando, na manhã desta quita-feira, 4 de julho, os 150 elementos da Polícia Judiciária avançaram para a operação de buscas na investigação, que envolve suspeitas de corrupção contra o consultor de comunicação Luís Bernardo, levavam na mão um documento – ordem de missão – em que, no canto superior direito, constava o número do processo e, ao centro, o nome da operação: “Operação Fratelli”. Porém, horas mais tarde, um comunicado da Polícia Judiciária batizaria as diligências com outro nome: “Operação Concerto”.
Segundo informações recolhidas pela VISÃO, o nome original da operação desta quinta-feira terá resultado da investigação que, nos últimos dois anos, a Judiciária tem feito ao envolvimento de Luís Bernardo – antigo assessor de José Sócrates e do SL Benfica – e João Tocha, também consultor de comunicação, em vários concursos e adjudicações de organismos do Estado, entre os quais câmaras municipais e até o Tribunal Constitucional.
Tal como a própria Judiciária adiantou, em comunicado, está em causa “a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral), por “fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas”.
Ora, ao que VISÃO apurou, ambos os suepeitos terão criado entre si uma ligação de quase “irmandade”, levando-os, em concluio com as entidades públicas, a simular concorrências nos respetivos concursos. Além de que João Tocha pertence à maçonaria, organização na qual os seus membros se tratam por “irmãos” (fratelli, em italiano). Porém, a direcção nacional da polícia terá considerado o nome da operação demasiado provocatório, substituindo-o por “concerto”.
Além de buscas em várias autarquias – Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra – os inspetores da Judiciária realizaram ainda buscas em sete domicílios, empresas dos suspeitos e empresas de contabilidad, assim como na secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.
“Participaram na operação cerca de 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de 8 Magistrados do Ministério Público, no DCIAP.”, informou ainda a Polícia Judiciária.