Entre juízes conselheiros e de primeira instância, as escutas telefónicas da Operação Influencer, segundo apurou a VISÃO, passaram pelas mãos de 16 magistrados judiciais. No enorme acervo de conversas recolhidas, além de António Costa, constam ainda escutas com Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Augusto Santos Silva e Ferro Rodrigues, ex-presidentes da Assembleia da República (ver caixa), Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente, membros do governo, vários presidentes de câmaras e até Paulo Cutileiro, advogado, atualmente assessor principal de José Pedro Aguiar Branco.
E o que espoletou tamanha recolha de conversas telefónicas? O telemóvel de João Galamba, antigo secretário de Estado da Energia, mesmo após ter tomado posse como ministro das Infraestruturas, em janeiro de 2023, manteve-se, durante uns meses, sob escuta no âmbito da investigação aos negócios do lítio, do hidrogénio e do centro de dados, em Sines. Uma reconstituição feita pela VISÃO, junto de várias fontes judiciais, aos passos da investigação do Ministério Público (MP) e da PSP situou, em maio de 2020, o início das interceções telefónicas a João Galamba. Dois meses antes, os agentes da PSP que trabalharam de perto com o procurador João Paulo Centeno terão fotografado o então secretário de Estado da Energia a almoçar, no restaurante A Gina, no Parque Mayer, em Lisboa, com o empresário holandês Marc Rechter, CEO do Resilient Group, que apresentou ao governo o projeto do hidrogénio, em Sines, mas que acabou afastado do mesmo.