Há mais de dois anos em prisão domiciliária, é na Quinta do Assento, em Gondizalves, Braga, que Manuel Pinho procura ocupar o seu tempo, ora escrevendo ora cuidando do vasto jardim de camélias (algumas das quais certificadas). No próximo dia 6 de junho, o antigo ministro da Economia saberá se é ou não condenado por corrupção, num processo que também envolve Ricardo Salgado, o antigo presidente do Banco Espírito Santo que, segundo Manuel Pinho, teve mais fama de ser o “dono disto tudo” do que, propriamente, o proveito. Em junho, o antigo ministro também deverá ser acusado noutro caso, envolvendo suspeitas de favorecimento à EDP. “Quero ser julgado”, disse Pinho, nesta entrevista à VISÃO, admitindo estar preparado para passar o resto da vida em tribunal.
Depois de sete meses de julgamento, acha que conseguiu convencer os juízes de que não foi corrompido por Ricardo Salgado?
Sobre o julgamento, ainda não posso dizer muito. Posso é dizer que foi exemplar, no que respeita à celeridade, quantidade e qualidade da prova produzida e à transparência. Foi positivo. Segundo, foram ouvidas cerca de 120 testemunhas e os seus depoimentos importantíssimos. Não houve uma única, repito uma única testemunha, que tenha confirmado as teses do Ministério Público, que são baseadas em convicções, em vez de serem em factos.