O projeto que liga Dublin a Nova Iorque voltou a funcionar a semana passada, após várias polémicas que envolveram a sua criação. Conhecida como um “portal” que liga as duas cidades, a instalação tecnológica em formato circular foi inaugurada há poucas semanas, a 8 de maio. O seu objetivo passa por conectar Dublin, na Irlanda, a Nova Iorque, nos EUA, através de uma permanente ligação em tempo real. O portal permite que os habitantes e visitantes localizados no centro da cidade de Dublin possam interagir, apenas em formato vídeo, com pessoas do outro lado do oceano Atlântico, no bairro Flatiron em Manhattan, Nova Iorque.
Segundo a organização, o início do projeto terá sido um sucesso, tendo atraído “dezenas de milhares de visitantes”. Contudo, menos de uma semana depois, a 14 de maio, a ligação teve de ser interrompida, após vários relatos de comportamentos impróprios de ambos os lados. Publicados nas redes sociais, vários vídeos captaram atitudes impróprias por parte dos visitantes. Num dos vídeos virais, é possível observar a modelo Ava Louise – conhecida na plataforma Only Fans – a levantar a camisola do lado de Nova Iorque, expondo o peito para as pessoas na Irlanda. No mesmo sentido, foram ainda partilhados momentos em que pessoas do lado de Dublin exibem suásticas, bem como imagens do ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, a 11 de setembro de 2001.
A polémica levou ao “desligar” do portal que só voltou ao ativo esta segunda-feira, com novas regras de utilização. Ao invés de funcionar 24 horas por dia, o Portal só estará aberto entre 11h às 21h, em Dublin, e das 6h às 16h, em Nova Iorque, contando sempre com a presença de dois “embaixadores do Portal”, em ambos os lados da instalação, de forma a dissuadir comportamentos menos próprios.
Do mesmo modo, e de forma a impedir o bloqueio da câmara, a grande proximidade à lente da mesma resultará agora num desfocar da imagem em ambos os lados. “Tomámos medidas para limitar os casos de pessoas que pisam o portal e seguram os telemóveis contra a lente da câmara. A equipa do Portals.org implementou uma solução baseada na proximidade. Agora, se as pessoas pisarem o portal e obstruírem a câmara, a transmissão em direto será desfocada para todos os que estão de ambos os lados do Atlântico”, pode ler-se num comunicado feito pela Câmara Municipal de Dublin.
Até ao momento não foram registados novos incidentes desde a sua reabertura. Entre os momentos partilhados nas redes sociais foi possível assistir a pessoas a jogar “pedra, papel, tesoura”, interagir através de gestos, bem como a danças partilhadas entre visitantes de ambos os lados do portal. “A esmagadora maioria das pessoas que visitou as esculturas do portal experimentou a sensação de alegria e de ligação que estas obras de arte pública convidam as pessoas a ter”, refere o comunicado.
O projeto conta com o apoio do Conselho Municipal de Dublin, da organização Flatiron NoMad Partnership e da Portals.org – uma empresa fundada por Benediktas Gylys, um investidor e artista lituano, que descreve os portais uma “ponte que unifica e um convite para ultrapassar preconceitos e desacordos”. O objetivo dos portais passa por “redefinir as fronteiras da expressão artística e conetividade” e criar uma sensação de “alegria e ligação” para os participantes.
A ligação entre Dublin e Nova Iorque é o segundo portal deste tipo. Em 2021 a mesma organização, Portals.org, inaugurou uma experiência semelhante entre Vilnius, na Lituânia, e Lublin, na Polónia. Segundo o Portals.org podem vir a ser instalados mais portais noutras cidades.