São 7h30 quando a campainha do Hospital Prisional de São João de Deus, em Caxias (Oeiras), volta a tocar. Em frente ao portão azul, Carlos (nome fictício) aguarda pacientemente pelo colega de serviço, repetindo um hábito diário com quase três décadas. Menos de um minuto depois, o guarda prisional, ainda vestido à civil, é autorizado a transpor os limites impostos pelos altos muros caiados. No segundo seguinte, desaparece da vista, envolvido pelo som metálico de uma fechadura pesada.
Carlos tem 53 anos e é um dos 3 855 elementos de uma força de segurança que lamenta ter-se tornado “invisível” para a população geral. Durante as próximas 11 horas (o turno termina apenas às 19h), este homem não vai existir para o mundo exterior.
