“Cushioning” é o novo termo que se está a tornar viral nas redes sociais e que expõe uma tendência crescente nos relacionamentos amorosos. Em tradução literal significa “amortecer”, uma palavra que não parece perigosa, mas que se refere a um comportamento que muitos consideram ser uma forma de traição emocional.
Esta tendência consiste em manter opções em aberto enquanto se está num relacionamento estável. Não existe uma traição física, mas sim um envolvimento emocional com um possível interesse romântico, que fica em segundo plano, como uma reserva caso algo corra mal com o parceiro ou parceira.
Segundo Tennesha Wood, coach de relacionamentos dos EUA, o “cushioning” surge quando existe insatisfação ou insegurança quanto a um relacionamento. “É o medo de que a relação possa não resultar e, por isso, existe uma preparação para a derrota, com o pensamento focado no fim”. Como consequência, procura-se atenção e validação de outras pessoas, que dão sensação de segurança ou que se mostram mais disponíveis do que um parceiro que não comunica de forma saudável ou que não satisfaz todas as necessidades emocionais.
Segundo Maria Sosa, especialista de relacionamento de uma aplicação de encontros, o “cushioning” é um comportamento “egoísta” que pode ditar o fim efetivo da relação. “Quem o pratica está apenas a pensar em si próprio e não a cuidar da relação. Caso a situação seja descoberta, a outra pessoa pode ver isso como traição e pode haver mesmo uma rutura. Se sentir que precisa de esconder alguma coisa do seu companheiro ou companheira, veja isso como um sinal de alerta de que pode não estar a agir de forma correta”.
Tanto Wood como Sosa acreditam que uma conversa sincera é a fórmula para evitar tornar-se vítima de “cushioning”. A primeira especialista recomenda uma conversa franca caso se sinta um distanciamento ou um comportamento mais frio na relação, como forma de perceber o que está a correr menos bem, de fortalecer os laços, de analisar como se pode melhorar a relação ou de efetivamente se optar pela separação. A segunda especialista destaca que, se a resposta do outro lado for uma recusa em falar ou um descartar de responsabilidades, isso aumentará suspeitas de falhas na confiança e, por isso, “deve-se analisar a continuação do relacionamento”.
Mas e se perceber que está a fazer “cushioning”? Aí, a recomendação de Sosa é “fazer uma autoanálise para perceber o que se está a passar consigo individualmente e enquanto pessoa que está num relacionamento”. Deverá procurar perceber que medos sente, o motivo para evitar intimidade, de que forma está à procurar noutras pessoas o que lhe falta no seu relacionamento, o que deve ser falado com a pessoa que está ao seu lado. Após esta reflexão deverá perceber se quer continuar na relação em que está ou se está apenas acomodado à espera de uma outra oportunidade.
Sosa recorda ainda que o “cushioning” pode estar a tornar-se tendência devido à exigência que se coloca nos relacionamentos. “Somos levados a acreditar que quem está ao nosso lado tem de atender a todas as nossas necessidades. Essa pessoa tem de ser o nosso melhor amigo ou amiga, tem de ser com quem temos intimidade, conversas profundas. Colocamos muitas expectativas em quem está ao nosso lado, pois queremos que seja tudo”.