Durante cerca de quatro minutos e 28 segundos, em plena manhã, vai parecer de noite. A 8 de abril, a lua vai passar à frente do sol, precipitando na sombra uma faixa que incluiu México, Canadá e algumas partes dos Estados Unidos. O raro fenómeno vai começar sobre o Pacífico e, se o tempo o permitir, vai ser visível em terra na costa do México a partir das 11h07 locais (19h07 de Lisboa).
Estima-se que cerca de 30 milhões de pessoas estejam na chamada faixa de totalidade, ou seja, onde o eclipse será visível por completo, a que se juntarão, expectavelmente, milhões online.
À medida que a lua orbita a Terra, a distância em relação ao nosso planeta varia. No último eclipse total do sol, que ocorreu em 2017, o nosso satélite estava mais longe do que vai estar agora, o que torna o fenómeno ainda mais interessante para curiosos, astrónomos profissionais e amadores e cientistas. O período de totalidade também vai ser maior – 2 minutos e 42 segundos há sete anos versus 4 minutos e 28 segundos agora.
Mais uma diferença (entusiasmante) em relação ao eclipse solar total de 2017. A nossa estrela estava então perto do mínimo solar. Os espectadores puderam ver o círculo negro da lua circundado pela corona (atmosfera superior do sol), mas a baixa atividade solar não ofereceu o espetáculo que deverá ser visto na próxima segunda-feira, uma vez que, agora, o sol se encontra no máximo solar ou lá perto. Com sorte, até poderá ser visível uma ejeção de massa coronal (uma grande erupção de material solar) durante o eclipse.
A corona, que não pode ser vista normalmente devido à luminosidade do sol, é centenas de vezes mais quente do que a superfície da estrela, um enigma que a ciência ainda não conseguiu explicar e que está na lista do que este eclipse pode ajudar a desvendar. É também na corona que se forma o vento solar – uma corrente carregada de partículas que chega a ter efeitos em sistemas de energia e de comunicação da Terra. A velocidade a que estas partículas se deslocam quando são expelidas para o espaço é outra das questões que os cientistas esperam ver respondidas.
A NASA está a financiar vários projetos, de diferentes instituições académicas, que tencionam aproveitar a ocasião única para estudar o sol e a sua influência na Terra com recurso a uma panóplia de instrumentos, que vai desde rádios amadores e balões meteorológicos até a câmaras a bordo de aviões a alta altitude.
Duas aeronaves concebidas para estudar a corona solar, uma da NASA e outra também da agência espacial norte-americana mas em conjunto com a Agência Espacial Europeia, também terão na próxima segunda-feira uma oportunidade rara.
Pam Melroy, vice-administradora da NASA, não disfarça o entusiasmo e explica que o eclipse vai providenciar uma oportunidade “completamente diferente” para estudar a interação entre a Terra, a lua e o sol.
Muito menos complexa mas também relevante será o papel de centenas de cidadãos com a tarefa de observar, em terra, o comportamento dos animais (o silêncio repentino das aves, por exemplo), a descida da temperatura à medida que o sol fica tapado e eventuais efeitos nas comunicações.
Por cá o eclipse será apenas parcial e apenas visível em alguns pontos dos Açores.