A Temu e o TikTok retiraram das suas lojas online alguns dos aquecedores elétricos mais baratos que tinham à venda, depois de a Which?, plataforma de consumidores que testa e analisa produtos, ter concluído que havia risco de explosão, incêndios domésticos ou choques elétricos com a utilização destes aparelhos.
O grupo comprou e testou oito aquecedores, cinco portáteis vendidos através da plataforma TikTok Shop e três da Temu, e concluiu que apenas um deles tinha segurança suficiente para o uso doméstico e cumpria as normas legais para venda no Reino Unido.
Além disso, três dos cinco aquecedores comprados no TikTok para a realização dos testes foram considerados “perigosamente inseguros” e as instruções de um quarto deles não continham avisos de segurança importantes. Já os três aquecedores adquiridos na Temu representavam um perigo para os utlizadores, de acordo com a Which?.
Por exemplo, segundo a plataforma, os testes demonstraram que o aquecedor elétrico portátil XH-1201 1200W, com o preço de 7,20 libras (cerca de 8, 43 euros) à venda no TikTok ( e também disponível noutras plataformas, após uma rápida pesquisa na internet, inclusive portuguesas), representava risco de incêndio e ameaça de explosão, que poderia provocar choques eléctricos. Apesar disso, encontrou 16 vendedores deste produto na rede social e identificou 223 vendas.
Já outro aquecedor portátil semelhante, que custava 16,98 libras (19,87 euros), disponível na Temu, também foi identificado como perigoso pela possibilidade de provocar choques eléctricos, incêndios ou explosões, mas estava identificado na plataforma como tendo sido vendido 2100 vezes.
Também na Temu o aquecedor X7 Portable space heater, vendido por 14,99 libras (17,54 euros), não tinha sido corretamente montado, afirma a Which?, acrescentando que o seu vendedor tinha, até então, vendido 353 exemplares.
“Os aquecedores elétricos baratos são uma compra tentadora para os consumidores que enfrentam dificuldades durante os meses frios de inverno, mas os nossos últimos testes revelaram que os modelos vendidos no TikTok e na Temu representam um sério risco de segurança e devem ser evitados a todo o custo”, afirma, em comunicado, Sue Davies, responsável pela política de proteção dos consumidores da Which?, apelando a que “o governo [britânico] atribua urgentemente maior responsabilidade legal aos mercados online por produtos inseguros, para que sejam forçados a tomar medidas para evitar que produtos perigosos acabem nas casas das pessoas”.
Lesley Rudd, diretora executiva da Electrical Safety First, organização britânica que tem como objetivo reduzir mortes e lesões provocadas por acidentes elétricos, concordou que a regulamentação atual não funciona, tendo em conta o aumento de novos vendedores online. “A forma como fazemos compras mudou, talvez para sempre, mas é totalmente ilógico que as nossas leis não o tenham feito, deixando as pessoas que fazem compras nestas plataformas totalmente desprotegidas de produtos elétricos perigosos”, afirma, citada pela BBC.
Ambas as empresas retiraram estes aparelhos das suas lojas, alegando que a segurança dos utilizadores era a prioridade. “Lamentamos profundamente qualquer preocupação ou incómodo causado pelos problemas de segurança” identificados nos produtos, referiu um porta-voz da Temu à BBC. Também o TikTok afirmou, em comunicado, que quando a empresa deteta “comerciantes ou produtos que violam as suas políticas, estes são removidos”.
Contudo, de acordo com a Which?, outros anúncios semelhantes foram entretanto publicados.
Influencers têm responsabilidade
Segundo a Which?, que afirma ter identificado várias publicações de influenciadores que promovem aquecedores com risco de incêndio no TikTok, as pesquisas por “aquecedores elétricos” nesta rede social levaram a cinco vídeos nos primeiros 100 resultados que promoviam os produtos considerados perigosos, que foram identificados como “parceria remunerada”. De acordo com a Which?, este vídeos tinham mais de 100 mil visualizações ao todo.
Rudd instou também as celebridades do TikTok que o fazem a assumirem responsabilidades pelas suas acções, acrescentando que havia “o dever moral” de garantirem que os produtos que recomendavam aos seguidores eram seguros.
Um porta-voz do Ministério da Economia e do Comércio britânico já reagiu à polémica, referindo que “os fabricantes e fornecedores são obrigados a colocar no mercado apenas produtos seguros e são responsáveis pelo envio de instruções sobre a forma como um produto pode ser utilizado em segurança”. “Se alguém tiver dúvidas sobre um produto, deve fornecer as informações relevantes e nós analisá-las-emos”, acrescentou.