Um novo estudo, realizado por um grupo de investigadores do Family Dog Project da Universidade ELTE, em Budapeste, Hungria, revelou que existem sinais que nos indicam que o nosso cão é sobredotado, ou seja, que capacidades especiais e não muito comuns entre os cães.
Segundo a equipa, isto inclui a capacidade de aprender o nome de um novo brinquedo em apenas 30 minutos, o facto de o cão conhecer pelo menos 15 nomes de brinquedos e a capacidade de identificar 50 nomes de brinquedos num período de dois anos.
“A rara capacidade de aprender nomes de objetos é o primeiro caso de talento documentado numa espécie não humana”, defende Adam Miklosi, um dos autores do estudo.
Num estudo anterior, os investigadores descobriram que um número muito reduzido de cães conseguia aprender os nomes dos objetos, principalmente quando esses objetos eram brinquedos específicos para os animais.
A equipa do novo estudo, publicado no Journal Scientific Reports, quis, então, perceber melhor o fenómeno e, durante cinco anos, procurou por todo o mundo cães com essas habilidades especiais, denominados Gifted Word Learner (GWL). Além disso, lançou em 2020 uma campanha nas redes sociais divulgando as suas experiências com cães GWL, na esperança de encontrar mais animais destes.
Os investigadores encontraram, no total, 41 cães GWL de nove países diferentes, sendo eles Portugal, Espanha, Hungria, Holanda, Reino Unido, Noruega, Brasil, Canadá e EUA. Segundo a equipa, 56% dos cães encontrados eram de raça Border Collie.
Claudia Fugazza, a investigadora líder, explica que “sempre que o dono de um cão referia que achava que o seu animal sabia nomes de brinquedos”, a equipa dava instruções ao dono sobre como podia realizar o autoteste. Depois disso, o dono enviava o vídeo como prova desse teste.
A equipa realizava, então, uma videochamada com os donos para testar o vocabulário dos cães em condições controladas e se os animais demonstrassem saber os nomes dos seus brinquedos, os investigadores pediam aos donos que preenchessem um questionário.
“No questionário, questionámos os donos acerca da experiência de vida dos cães, das suas próprias experiências na criação e treino de cães e sobre o processo através do qual os cães aprenderam os nomes dos seus brinquedos”, refere Andrea Sommese, também autora do estudo.
Shany Dror, a autora principal, diz que “surpreendentemente, a maioria dos donos relatou que não ensinava intencionalmente os nomes dos brinquedos aos seus cães”. Pelo contrário, estes animais pareciam pegar espontaneamente nos nomes dos brinquedos durante sessões de treino não estruturadas”.
Além disso, a equipa não encontrou nenhuma ligação entre o nível de experiência de treino do dono e o facto de o cão ser sobredotado, ou seja, lembrar-se dos nomes dos brinquedos.
“Nos nossos estudos anteriores, mostrámos que os cães GWL aprendem novos nomes de objetos muito rapidamente. Portanto, não foi surpreendente que, quando realizámos o teste com os cães, o número médio de brinquedos conhecidos pelos cães fosse de 29″, diz Dror. “Contudo, quando publicámos os resultados, mais de 50% dos donos relataram que os seus cães já tinham adquirido um vocabulário de mais de 100 nomes de brinquedos”.
Esta investigação faz parte do projeto Genius Dog Challenge, que pretende compreender o talento único que os cães Gifted Word Learner possuem. Os investigadores incentivam, por isso, os donos de cães que acreditam que os seus animais conhecem vários nomes de brinquedos a contactá-los através do site oficial do Genius Dog Challenge.