Um estudo publicado na revista científica Nature Communications revelou o motivo para vários elefantes em vias de extinção terem aparecido mortos no Botsuana e Zimbabué em 2020. Cerca de 350 elefantes de diferentes faixas etárias e ambos os sexos foram encontrados mortos no delta do Okavango, no Botsuana. O mesmo voltou a acontecer poucos meses depois no norte do Zimbabué, o que levou um grupo de investigadores, liderados pelo fundo Victoria Falls Wildlife, a estudar as suas mortes.
Através de análises de amostras recolhidas das carcaças dos animais, os investigadores foram capazes de concluir que a mortes destes elefantes estão relacionadas com a presença da Pasteurella Bisgaard táxon 45, uma bactéria que se terá infiltrado no sangue dos animais e provocado septicemias e infeções sanguíneas. “Identificar e depois chegar às carcaças a tempo de obter amostras úteis é um problema com que nos deparamos frequentemente. No entanto, também não sabíamos com que doença poderíamos estar a lidar. Tivemos, por isso, de ser cautelosos ao efetuar os exames pós-morte aos elefantes, o que, por si só, é uma tarefa difícil com um animal tão grande, especialmente trabalhando em condições de campo”, explicou Chris Foggin, um dos investigadores envolvidos no estudo.
Os elefantes-africanos da savana são uma espécie em vias de extinção graças à prática de caça furtiva. De acordo com dados do estudo, estima-se que exista uma queda de 8 % por ano na sua espécie, restando apenas 350 mil elefantes da savana em liberdade. Contudo, os especialistas acreditam que esta doença infecciosa pode ser considerada como uma ameaça à sua conservação. “Os nossos resultados demonstram que o táxon 45 de Bisgaard está associado a uma infeção generalizada e letal e que os elefantes africanos são suscetíveis a espécies de Pasteurella oportunisticamente patogénicas. Isto representa uma preocupação importante para a conservação dos elefantes na maior meta população remanescente desta espécie ameaçada de extinção”, pode ler-se no estudo.
Não é a primeira vez que a bactéria Pasteurella provoca a morte em massa de animais selvagens. Anteriormente, a doença infeciosa esteve na origem da morte de 200 mil antílopes no Cazaquistão. A presença desta bactéria foi também encontrada em espécies como tigres, leões e até macacos. Os especialistas fizeram ainda notar que as mortes destes animais podem representar um fenómeno contínuo na região, nunca descoberto, devido à falta de testes aos cadáveres dos animais.