Chama-se Miguel Ângelo Gaspar Pacheco, mas o nome da terra onde se tornou homem – Almada – colou-se-lhe como alcunha, ainda na adolescência. Hoje, com 49 anos, Miguel D’Almada, um dos mais conhecidos ultras do Sporting, autor de letras popularizadas pelas bancadas (ver caixa), ex-membro da direção da Juventude Leonina, fundador do Grupo 1143 e da claque Directivo Ultras XXI e, atualmente, influencer anti-Benfica no projeto digital Rapaziada 1906, está indiciado pela justiça federal brasileira por integrar uma organização criminosa transnacional (a Hammerskin Nation), depois de ter sido identificado como um dos quatro líderes de uma célula neonazi, sediada no estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Do grupo, batizado Southlands Hammerskins, faziam ainda parte elementos com cadastro por tentativas de homicídio de indivíduos negros e judeus. Já Miguel D’Almada era, segundo fonte ligada à investigação, “muito respeitado” pelos camaradas. “É uma pessoa com experiência e com contactos na Europa. Isso garantia-lhe prestígio na organização”, refere a mesma fonte. O neonazi português arrisca uma pena superior a dez anos de prisão.
A queda começou em novembro de 2022, quando o grupo neonazi realizou um encontro em São Pedro de Alcântara, no interior de Santa Catarina, uma pequena e tranquila localidade escolhida por ter sido a primeira colónia alemã estabelecida naquele estado, em 1829. Os responsáveis arrendaram uma quinta rural, isolada, para realizar a reunião. Oito homens responderam à chamada.