“Attenzione, borseggiatrici! Attenzione, pickpocket!” (“Atenção, carteirista!” em português) é agora um slogan viral na rede social TikTok, remisturado em canções e usado em milhares de vídeos de outros utilizadores.
Monica Poli, de 57 anos é membro de um grupo chamado Cittadini Non Distratti (Cidadãos Não Distraídos, em português) e patrulha as ruas de Veneza, onde vive, alertando quem passa para potenciais carteiristas. Segundo avançou o jornal The Economist, este grupo é responsável por mais de um terço das detenções de carteiristas na cidade.
Ativo há mais de 30 anos, este grupo só adquiriu reconhecimento após a sua adesão às redes sociais. No TikTok, tem mais de 600 mil seguidores e já ganhou mais de 18 milhões de gostos no total de publicações.
Na semana passada, Monica Poli foi alvo de um perfil no The New York Times e, em entrevista ao jornal norte-americano, explicou como identifica os carteiristas. “Quando os vejo, sei que são carteiristas. É muito estranho dizer isto… Tenho algo dentro de mim e reconheço imediatamente”.
Acontece que a estrela do TikTok foi identificada como a vereadora do Lega Nord- um partido de extrema-direita italiano, outrora separatista, que visava a separação do Norte e do Sul de Itália. O líder do partido é Matteo Salvini, conhecido pelos seus ataques à comunidade cigana e LGBT.
Numa entrevista ao Corriere del Veneto, Monica Poli disse acreditar que os carteiristas eram da Europa de Leste. “São gangs da Europa de Leste. Algumas mulheres, aparentemente sempre grávidas, chegaram a aparecer em vídeos do Youtube em Paris, Barcelona, Bratislava. A maioria reside em acampamentos de ciganos, vive em apartamentos ou hotéis, come em sítios luxuosos e muda frequentemente de roupa.”
Alguns internautas recorreram à rede social Twitter para expressar o seu desagrado, “Caí na armadilha de adorar o meme, antes de fazer a minha pesquisa!”.
Há quem afirme que Monica Poli está a visar membros da comunidade numa “campanha de racismo”.
A Lega Nord foi classificada como “um partido populista de extrema-direita” numa análise publicada em 2018 no International Journal of Communication.