Em Silveira de Cima e de Baixo, povoados isolados e separados por socalcos na serra da Lousã, ainda há pouco mais do que ruínas e a visão de um homem: José Serra, empreendedor na área das novas tecnologias, fundador da empresa Olisipo Way. Contudo, não está sozinho nesta aventura, tem consigo os três filhos, que chegaram a estar espalhados pelo mundo, mas que decidiram regressar ao ninho e concentrar-se numa região que tanto os preenche. O mais novo, Pedro, ficou responsável pela regeneração ambiental da Silveira Tech Re_generation Village e os outros familiares dão o seu contributo ao inovador projeto.
“Há muitas pessoas insatisfeitas com os meios urbanos e à procura de uma maior conexão com a Natureza”, sublinha Manuel Vilhena, 30 anos, ao comando das operações, um lisboeta convertido à ruralidade, marido de Catarina Serra, que conhecemos na aldeia vizinha de Cerdeira (na foto). Foi desse pressuposto que partiram para a reconstrução das Silveiras, abandonadas há mais de 40 anos. A aprendizagem acumulada em Cerdeira foi essencial. “Aqui queríamos ter os terrenos à volta, para podermos gerir a parte florestal e controlar os incêndios”, conta. Para negociarem com os proprietários, na sua maioria emigrantes, foi preciso contratar um investigador privado, que desde 2017 fez uma pesquisa gigantesca. “Tínhamos árvores genealógicas mais completas do que as das próprias famílias”, recorda. O que deu os seus frutos, uma vez que foi possível comprar 230 hectares, onde já começaram a reflorestação com espécies autóctones, adotando os princípios da permacultura. Na primavera, lançaram o basecamp na Silveira de Cima, em instalações provisórias e sustentáveis, onde realizaram os primeiros retiros regenerativos, experiências imersivas sobre a Natureza. “A ideia é ir testando conceitos e trazer dinâmicas enquanto desenvolvemos o projeto”, explica Manuel.