“Anda por aí um padeiro que agora faz pão noite e dia.” Ouvi esta piada de uma das pessoas que entrevistei em Rabo de Peixe, há 22 anos, quando estava a cobrir para a VISÃO, acompanhado do fotojornalista José António Rodrigues, a história de Antonino e a sua droga naufragada. Era uma tentativa de aliviar uma história que começava a tornar-se pesada. Nessa altura, multiplicavam-se na ilha os casos de overdose e duas pessoas já tinham morrido. Uma delas foi encontrada na casa de banho de um restaurante da Ribeira Grande ainda de agulha no braço e com a cabeça na sanita.
Junho de 2001. Antonino Quinci, traficante italiano em viagem da Venezuela para Espanha, é obrigado a fazer uma paragem não programada no meio do Atlântico, em São Miguel, para reparar o Mário, o seu veleiro carregado de cocaína. Não querendo, por razões óbvias, atracar em Ponta Delgada com a droga a bordo, decide escondê-la numa gruta no Pilar da Bretanha, na ponta noroeste da ilha, para a recolher mais tarde.