Registar memórias numa plataforma digital de recursos, transmitir a História às crianças, contar aos jovens o que era proibido e fazer uma grande festa de rua quando passarem 50 anos sobre o 25 de Abril de 1974, com uma reconstituição histórica da coluna militar de Salgueiro Maia que, nesse dia, entrou em Lisboa – eis algumas das iniciativas para as comemorações da data. Maria Inácia Rezola, 55 anos, doutorada em História com investigação na área dos regimes políticos e da transição para a democracia, professora na Escola Superior de Comunicação Social do Politécnico de Lisboa, está há um ano à frente da Comissão Executiva da Estrutura de Missão para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril – que conta agora com um novo “reforço”, depois da nomeação de João Faria, economista e quadro da Comissão Europeia, como comissário executivo adjunto. Convicta de que a História é plural, feita de “muitas vozes” e que “está sempre a mudar”, não receia dividir mais do que unir quando chegar o tempo de celebrar o 25 de Novembro e o 11 de Março.
Como é que a comissão vai tornar as comemorações de um acontecimento já tão longínquo, para muitos de nós, num assunto nacional com impacto?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. É um desafio que torna particularmente interessante o nosso trabalho. Passaram-se 50 anos, o 25 de Abril é, sem dúvida, um acontecimento histórico, mas está ainda muito presente na sociedade portuguesa. O primeiro desafio é a urgência de recolher testemunhos e registar memórias; o segundo é a maneira como transmitimos essa história aos mais jovens. Sou muito otimista em relação ao segundo ponto. Como professora, encontro sucessivas gerações de jovens para quem o 25 de Abril é uma realidade muito longínqua, sim, mas que desperta grande interesse. A questão é saber que canais, que meios e quem envolver para chegar aos jovens. A comissão pode ter um papel nisso, mas nunca o poderá fazer sozinha. É impossível chegarmos a todo o País, a todos os jovens. Felizmente, no terreno, há muitos atores e agentes empenhados.
Estamos a preparar, com a Associação de Veículos Militares Antigos, uma reconsti-tuição das colunas militares que chegaram a Lisboa no dia do golpe