Desde que foi descoberto em 2017, o Oumuamua despertou a curiosidade dos astrónomos ao ser o primeiro objeto interestelar detetado pelos cientistas.
O “visitante” cruzou o nosso sistema solar a 87 quilómetros por segundo, três vezes mais rápido do que um cometa ou asteroide comum. Contudo, o que mais intrigou os cientistas foi o facto de o cometa estar a afastar-se do sol e não deixar uma cauda ou rasto visível. Este comportamento incomum levou mesmo alguns a especular que o objeto poderia ser uma nave espacial alienígena, enviada para sondar tranquilamente o nosso sistema solar.
Um estudo publicado na revista científica Nature na quarta-feira veio trazer uma possível explicação natural para este fenómeno.
Os investigadores afirmaram que o Oumuamua nasceu como muitos outros cometas, na forma de planetesimal, um pequeno objeto composto nas fases iniciais da formação dos sistemas planetários onde se registam fortes colisões entre poeiras e rocha. Depois de ter sido ejetado do seu sistema solar de origem, a estrutura química do cometa mudou ao ser bombardeado por radiação cósmica enquanto se aventurava através do espaço interestelar. Isto terá convertido parte do gelo do cometa em gás de hidrogénio. Depois de ter passado pelo nosso sistema solar interno, o Oumuamua foi aquecido, fazendo com que a estrutura de gelo do cometa libertasse o gás preso, dando-lhe um pequeno impulso ao afastar-se do sol.
“Não conhecemos o seu local de origem, mas provavelmente viajou pelo espaço interestelar durante cerca de 100 milhões de anos. Tinha uma cor avermelhada consistente com as cores de muitos corpos pequenos do sistema solar. Atualmente já ultrapassou a órbita de Neptuno”, afirmou Jennifer Bergner coautora do estudo.
No entanto, nem todos estão convencidos por esta nova explicação. Avi Loeb, astrónomo da Universidade de Harvard que tem vindo a discutir desde que Oumuamua apareceu pela primeira vez que o seu comportamento poderia ser melhor explicado envolvendo uma fonte alienígena artificial, expressou o seu desacordo com a teoria recentemente proposta.
Num post num blogue e num artigo científico ainda por publicar, o cientista escreve que a nova teoria falha num ponto principal. “Se o hidrogénio se evapora facilmente, então [o cometa] não sobreviveria à viagem [interestelar] (…). Estas questões não são abordadas no novo artigo”, escreveu Loeb. O físico teórico rejeitou a nova teoria, dizendo à AFP que as alegações de um cometa sem cauda “é como dizer que um elefante é uma zebra sem riscas”. O Oumuamua estava a acelerar à medida que se movia, o que exigiria mais do que apenas a força gravidade. Contudo, o Oumuamua não parecia um cometa, nem tinha uma cauda de gás e poeira.
Oumuamua, cujo nome se refere na língua nativa havaiana a um “mensageiro que chega de uma grande distância”, foi detetado pela primeira vez pelo telescópio Pan-STARRS1 da Universidade do Havai em outubro de 2017.