Beber um copo de vinho ou uma cerveja por semana durante a gravidez é o suficiente para uma mãe provocar alterações nas feições do rosto do filho. Esta é a grande conclusão de um novo estudo realizado por investigadores da Universidade Erasmus, em Roterdão, nos Países Baixos, que vem assim demonstrar que, mesmo o consumo moderado ou de baixas quantidades de álcool, influencia o desenvolvimento da face das crianças.
Já se sabia que o consumo abusivo no período de gravidez interfere significativamente com o desenvolvimento do rosto das crianças – entre outros problemas -, mas ainda há pouco conhecimento sobre eventuais efeitos da ingestão de pequenas quantidades, daí a motivação dos investigadores para avançarem com esta nova pesquisa.
Eles analisaram mais de 3 000 imagens 3D de caras de rapazes e raparigas com nove anos de idade, identificando 200 traços morfológicos, com recurso a algoritmos e inteligência artificial. Conhecendo os hábitos de consumo de álcool das mães, durante a gravidez e nos três meses anteriores à concepção, puderam estabelecer uma comparação com as mulheres que não beberam antes e durante a gestação.
“Encontrámos uma associação estatisticamente significativa entre a exposição pré-natal ao álcool e as feições dos rostos nas crianças de nove anos”, declarou um dos autores do estudo, Xianjing Liu, citado pelo The Jerusalem Post, sublinhando que, “quanto mais álcool as mães tivessem bebido, mais pronunciadas se revelaram as alterações faciais” dos filhos. “E dentro do grupo de mães que beberam durante a gravidez, descobrimos que, mesmo que tivessem bebido muito pouco, os efeitos eram visíveis”, detalhou Liu, acrescentando que é a primeira vez que se identifica uma relação causa e efeito com uma quantidade tão reduzida – menos de 12 gramas por semana.
Os traços alterados mais frequentes, refere o estudo, são o nariz empinado, o nariz pequeno, o queixo pontudo e as pálpebras inferiores voltadas para dentro, que tendem a esvanecer-se mais tarde, com a chegada da puberdade.
Perante as conclusões, os investigadores sugerem que este é mais um bom motivo para as mulheres que estão a pensar engravidar evitarem o consumo de álcool, sabendo-se que esse comportamento pode trazer consequências mais gravosas para o desenvolvimento fetal.