Keyla Brasil, atriz transsexual e ativista brasileira, conhecida por ter interrompido a peça de teatro “Tudo Sobre a Minha Mãe”, que estava em cena no Teatro São Luiz, no passado dia 19, está desaparecida há mais de 48 horas, depois de ter recebido ameaças de morte.

O alerta foi dado pela Casa T, casa de acolhimento para pessoas trans estrangeiras. A última vez que foi vista, na passada sexta-feria, dia 27, a atriz terá entrado num autocarro em Tábua, arredores de Coimbra, em direção a Lisboa.
À VISÃO, a Casa T confirmou que a esta hora ainda não há notícias sobre o seu paradeiro.
No dia em que invadiu o palco, a gritar “transfake”, Keyla Brasil pretendia protestar contra o facto de a personagem trans “Lola” ser representada por um ator cisgénero (não transsexual), André Patrício.
Desde esse dia, Keyla Brasil recebeu várias ameaças, incluindo de morte, como denunciou nas redes sociais. Num vídeo publicado há sete dias, a atriz afirma que “por motivos de segurança” não ia deslocar-se para Lisboa, onde iria participar numa manifestação.
Na sua última publicação nas redes sociais, há dois dias, Keyla Brasil pedia: “Deixe-me existir”. No texto, a atriz denunciava a descriminação que existe em Portugal: “O teatro não é um homem branco. O teatro não tem o sangue azul. O teatro e a vergonha dos ricos, a glória dos aflitos, e a palavra jogada na lama”, lê-se na publicação do seu Instagram. “0 teatro não é um poeta que fala para o mar, “mar salgado..” o teatro não é um homem branco, é o trapo que cobre o corpo de mendigo, e um soco no estômago, e o sangue no asfalto o estopim da bomba, o teatro jamais será o poema recitado pela famosa atriz, o teatro e o batom vermelho na boca da meretriz, vocês tentaram matar o teatro mas ele ressurgiu, e reencarnou no corpo da travestis… esse grito e apenas a vontade de existir…”