Cotonetes, gazes e alicates são alguns dos instrumentos médicos que, só nos últimos dois anos, foram esquecidas 291 vezes dentro de pacientes, sujeitos a procedimentos cirúrgicos, no Reino Unido. O número, adiantado pela agência de notícias PA Media, é o maior registado nos últimos 20 anos.
Da lista de objetos estranhos fazem também parte brocas e bisturis, sendo que estes podem ficar esquecidos no corpo dos pacientes durante dias, meses ou anos, até que sejam identificados e sujeitos a novas cirurgias. No início do milénio, em 2001/02, ocorreram 156 destes episódios, sendo que o menor número registado foi em 2003/04, quando se verificaram 138 casos.
Não se sabe ao certo se os pacientes lesados foram atendidos em unidades do sistema de saúde público britânico (NHS), ou num hospital privado, mas a análise feita pela PA Media verificou que tais casos são reportados quando o NHS se encontra sob pressão, com elevado número de pacientes para atender.
Um desses casos é de uma mulher 49 anos, do Leste de Londres, que logo quando acordou de uma cirurgia de remoção dos ovários sentiu “algo” na barriga. Era parte da lâmina que tinha sido usada na operação. A remoção, novamente por via cirúrgica, obrigou a um internamento adicional de duas semanas.
“Infelizmente, continuamos a ver casos de objetos esquecidos após a cirurgia, que resultam em pacientes readmitidos no hospital e a precisar de passar por uma segunda cirurgia”, lamentam as duas advogadas da paciente, Emmalene Bushnell e Kriya Hurley, que, numa declaração conjunta, sublinham o risco de infeção de de trauma psicológico.
Para evitar estes episódios, os hospitais seguem um procedimento rígido que inclui listas de verificação e contagem frequente do material cirúrgico. Deixar um objeto dentro de um paciente após a cirurgia é classificado pelo NHS como um “never event”, o que significa que o incidente é tão sério que nunca deveria ter acontecido.
Em declarações à PA Media, um porta-voz do National Health Service afirmou: “Graças ao trabalho árduo da equipa do NHS, os incidentes como estes são raros. Contudo, quando acontecem, o NHS está empenhado em aprender com eles para melhorar o atendimento a futuros pacientes”.