A Interpol prendeu, esta quinta-feira, um cidadão luso-brasileiro em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, suspeito de ser um dos chefes da principal rede internacional de tráfico de drogas a operar em Portugal – dedicada a transportar cocaína, por via marítima, entre o Brasil e a Europa. Fonte da Polícia Federal brasileira confirma à VISÃO que o agora detido “terá fortes ligações com o pessoal do PCC [Primeiro Comando da Capital]”, podendo mesmo ser um integrante daquela que é considerada a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil.
Recorde-se que, ainda na semana passada, as autoridades brasileiras reuniram com a Polícia Judiciária e o Ministério Público português para comunicar formalmente a presença do PCC em Portugal, alertando ainda para a possibilidade deste grupo já estar controlar, quase na totalidade, o negócio do tráfico internacional de drogas que passa pelo país.
Leonardo Serro dos Santos, 47 anos, nasceu no Rio de Janeiro, no Brasil, mas, atualmente, tem morada fixa em Parede, no município de Cascais. Sócio único de uma empresa de gestão de carreiras desportivas, com sede em Cruz Quebrada-Dafundo, no concelho de Oeiras – criada em outubro de 2019, mas sem qualquer atividade conhecida ao longo destes três anos –, Leonardo Serro dos Santos já tinha estado detido no Brasil, numa curta incursão pelo seu país-natal, acusado pelo mesmo crime, no âmbito de uma operação da Polícia Federal brasileira no Rio de Janeiro, que surgiu no seguimento de um alerta da norte-americana DEA, órgão federal que se dedica ao combate ao narcotráfico nos Estados Unidos da América.
Libertado na sequência de um pedido de habeas corpus, apresentado pelos seus advogados, regressaria de imediato a Portugal, onde, a salvo da nacionalidade portuguesa, ficou livre de uma possível extradição para o Brasil. Deste lado do Atlântico, permaneceu até há muito pouco tempo… A mesma fonte da Polícia Federal brasileira refere ainda que, nos últimos anos, Leonardo Serro dos Santos “viajava muito pela Europa, para Espanha e França”, onde, alegadamente, “estava a recrutar pessoas para trabalhar para o PCC”, garante.
Leonardo Serro dos Santos, também conhecido pela alcunha ‘Carioca’, terá viajado até ao Médio Oriente com o objetivo de assistir ao Campeonato do Mundo de futebol, que decorre no Qatar, mas, depois da eliminação do Brasil da prova, seguiria para o Dubai e Abu Dhabi, onde terá chegado a conviver com familiares e amigos que residem naqueles emirados.
Sem rendimentos declarados, Leonardo Serro dos Santos. não escondia nas redes sociais uma vida de luxos, posando em viagens, com roupas caras ou conduzindo carros de alta cilindrada, na maior parte das vezes na companhia da mulher e filho. Assumidamente “antisocialista” e “anti-esquerdista”, dedicou parte do seu tempo, nos últimos meses, a fazer campanha naquelas plataformas por Jair Bolsonaro – ou, melhor, contra Lula da Silva –, tendo em vista as presidenciais brasileiras de 2022.
Entretanto, as autoridades brasileiras já terão dado entrada no tribunal do Rio de Janeiro com um pedido para a extradição de Leonardo Serro dos Santos, com o objetivo de transferir o detido de Abu Dhabi para o Brasil.