“A oficina de Saramago” é uma exposição que “percorre a vida e a carreira artística” do escritor português, segundo a informação divulgada pela Biblioteca Nacional de Espanha, que diz estar em causa um “autor excecional, com um legado que o coloca entre os principais nomes da literatura mundial”.
Estarão expostos em Madrid “parte dos conteúdos” da exposição com o mesmo nome, criada no âmbito do centenário do nascimento de José Saramago (1922-2010), que esteve este ano na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
A exposição de Madrid exibirá “uma centena de obras” da Biblioteca Nacional de Espanha, da Biblioteca Nacional de Portugal e da Fundação José Saramago, segundo a instituição espanhola.
Tal como aconteceu em Lisboa, a exposição é uma parceria da Biblioteca Nacional de Portugal e a da Fundação José Saramago e tem como comissários Carlos Reis e Grünhagen.
“A exposição ‘A Oficina de Saramago’ parte da premissa de que um escritor – um grande escritor – não surge do nada e o momento em que abrimos um romance, um livro de contos ou um poemário é, na realidade, um ponto de chegada de um longo caminho marcado por um trabalho que inclui leitura, investigação, escrita e reescrita. É a este trabalho que se pretende dar destaque”, explica a Biblioteca Nacional de Espanha.
Em Madrid vão mostrar-se “aspetos inéditos do trabalho criativo de José Saramago”, incluindo “materiais inéditos da obra do escritor, que em alguns casos serão expostos pela primeira vez”.
Segundo a mesma informação, a exposição organiza-se em três secções, “que dão a conhecer outros tantos aspetos relacionados com o universo da escrita de Saramago”, nomeadamente, “o processo que precede ou alimenta a obra”, a fase em que a obra “tomará corpo” e “a receção e consagração”.
A Biblioteca Nacional de Espanha lembra que “o próprio Saramago reconheceu e defendeu o valor de abrir as portas da oficina de escrita”, como aconteceu em 1960, numa carta ao também escritor José Rodrigues Migueis (1901-1980).
“Não só o crítico gostará de conhecer os ‘móbeis’ e os bastidores da criação: parece-me até que o público será quem mais o apreciará, tão desacostumado está de meter o nariz na oficina do escritor”, escreveu Saramago na carta, citada pela Biblioteca Nacional de Espanha.
José Saramago descende de uma família de camponeses de Azinhaga, no Ribatejo, onde nasceu, em 16 de novembro de 1922, tendo-se fixado em Lisboa, com os pais, em 1924.
O autor fez na capital portuguesa os estudos secundários e trabalhou depois como serralheiro mecânico. Em 1944, casou-se com Ilda Reis e entrou, entretanto, para a função pública, num organismo de Segurança Social.
Em 1947, quando nasceu a sua única filha, Violante, Saramago publicou o primeiro livro, “Terra do Pecado”. Tentou ainda dois outros romances, mas decidiu abandonar o projeto literário, que retomou em 1966, quando publicou “Os Poemas Possíveis”.
Ficou desempregado por motivos políticos, em 1949, e posteriormente foi trabalhar para uma empresa metalúrgica.
No final da década de 1950 trabalhava na editorial Estúdios Cor e fez várias traduções, tendo ainda sido, por pouco tempo, crítico literário. Voltou a editar títulos seus no início da década de 1970.
Na altura, divorciou-se de Ilda Reis e iniciou uma relação com a escritora Isabel da Nóbrega. Trabalhou posteriormente no Diário de Lisboa, onde coordenou o Suplemento Cultural e foi editorialista. Em 1975, entrou como diretor-adjunto no Diário de Notícias.
Saramago retomou o trabalho literário em 1980 e, em 1998, recebeu o Nobel da Literatura, sendo até hoje o único escritor de língua portuguesa distinguido pela Academia Sueca.
Em 1986 conheceu a jornalista e tradutora espanhola Pilar del Rio, com quem se casou dois anos mais tarde, e com quem viveu até à morte.
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