Depois de dez meses em teletrabalho permanente, por causa da pandemia, Liliana Almeida tinha a certeza de como seria o seu futuro profissional se dependesse apenas dela: continuar a trabalhar à distância, sim, mas sem cortar pela raiz a ligação ao escritório. O chamado regime híbrido. Foi essa a resposta que indicou, no início de 2021, quando a companhia de seguros para a qual trabalha inquiriu os trabalhadores sobre as preferências. E nada mudou desde então nas convicções desta gestora de contencioso na área de acidentes de trabalho.
“Numa fase inicial, senti um grande boom na produtividade. Porque estamos no nosso silêncio, no nosso espaço, o cérebro pensa melhor, parece que tudo flui melhor”, descreve, admitindo que, “com o passar do tempo”, o rendimento acaba por “sofrer oscilações”, em boa medida por falta de contacto com os colegas. “Nós somos bichos de socialização, e esta parte é muito importante”, sublinha. “Além daquela pausa na hora de almoço para ir tomar um café com um colega, que funciona como uma quebra saudável do nosso dia de trabalho, há a possibilidade de esclarecer dúvidas muito mais facilmente. Se estou na minha secretária, olho para o lado e peço opiniões. Em casa, não vou estar a ligar de propósito, a incomodar o colega e, por isso, perde-se um pouco a partilha de experiências e ideias.”
Um estudo da consultora Manpower indica que 74% dos empregadores no nosso país desejam o regresso total ao modo presencial