A guerra na Ucrânia continua sem dar tréguas no plano bélico, mas também se expande a todos os países europeus, com a promessa russa do corte de fornecimento de gás à Europa. A sanção afeta mais uns países do que outros, consoante o grau de dependência do gás russo, mas obrigou a Comissão Europeia a definir metas de poupança e os governos a delinearem planos energéticos ainda mais apertados e sustentáveis.
Por cá, o plano de poupança energética estará pronto no final de agosto, segundo notícia do jornal Expresso, e as medidas irão visar serviços da Administração Pública, empresas privadas, comércio, serviços, indústria e consumidores individuais.
Conhecendo as medidas já postas em prática em alguns países europeus, será mais fácil prever o que nos espera em Portugal:
Em Espanha, apesar de a cidade galega de Vigo já estar a instalar as luzes de Natal – 11 milhões de LED’s para atrair três milhões de turistas, acesas menos uma hora do que em 2021 – as medidas anunciadas pelo governo espanhol já estão em vigor até novembro de 2023.
Em edifícios públicos, espaços comerciais, espaços culturais, estações de autocarros e comboios e aeroportos, a temperatura não pode ser inferior a 27ºC no verão e superior a 19ºC no inverno.
Nos espaços com ar condicionado e/ou sistemas de aquecimento abrangidos por estas medidas as portas da rua devem estar fechadas.
A partir das dez horas da noite desliguem-se as luzes das montras de lojas, monumentos e edifícios públicos quando estão desocupados.
A administração pública regressa, o máximo possível, ao teletrabalho – uma prática que deverá ser seguida pelas empresas privadas. Quanto menos deslocações existirem, menos custos com a climatização de edifícios e com outros consumos de energia terão.
A Alemanha já ativou a segunda fase de um plano de três para poupar gás. Depois, poderá seguir-se algum tipo de racionamento.
Está suspensa a água quente nos edifícios públicos, piscinas municipais e pavilhões desportivos, com o aquecimento em edifícios municipais a começar apenas a 1 de outubro.
Em Augsburg, na Baviera, vão desligar as fontes públicas que consumam grandes quantidades de energia; Nuremberga fecha três das suas quatro piscinas interiores, mantendo as piscinas ao ar livre abertas até 25 de setembro; em Ludwigshafen, cidade industrial nas margens do Reno, equacionam transformar uma arena municipal num “oásis do calor”, para no inverno, as pessoas terem como escapar ao frio durante algumas horas.
Na capital, Berlim, diminui a iluminação de quase 200 monumentos e edifícios públicos, incluindo o edifício do Reichstag onde funciona o Parlamento federal da Alemanha.
Em Hanôver, capital da Baixa Saxónia, os edifícios municipais só serão aquecidos entre 1 de outubro e 31 de março, a uma temperatura ambiente não superior a 20ºC, sendo proibido o uso de unidades móveis de ar condicionado e aquecedores de ventilador. Creches, escolas, lares e hospitais estão isentos das medidas de poupança.
No sul do país, em Munique, apagam-se os holofotes da câmara municipal na praça Marienplatz, habitualmente iluminada até às 23 horas; desligam-se fontes à noite e água quente nos escritórios municipais.
Na Áustria, em Linz, capital da região da Alta Áustria, também se apaga a iluminação das pontes e edifícios públicos, a partir das 23 horas. São 31 edifícios, incluindo o antigo e o novo edifício da câmara municipal, as pontes sobre o Danúbio, as igrejas e as árvores dos parques.
Em França, país da “Cidade Luz”, Paris, o governo quer reduzir o limite de velocidade nas auto-estradas para 110 km/h, mas ainda não está decidido.
Já as lojas têm mesmo de reduzir a iluminação no interior, apagarem os letreiros depois de fecharem e as que usam ar condicionado devem manter as portas fechadas para não desperdiçar energia. Quem não cumprir poderá ter de pagar uma multa de 750 euros.
Os terraços de café e bar ao ar livre também não podem ser arrefecidos no verão e aquecidos no inverno.
Nas ruas, os anúncios publicitários em outdoors iluminados ficam desligados entre a uma e as seis da manhã, exceto os das estações de metro e aeroportos.
Em espaços públicos, incluindo estádios e salas de espetáculos, há limites para a temperatura de arrefecimento no verão e de aquecimento no inverno.
Nas casas das pessoas, recomendam desligar todas as luzes e os equipamentos que não sejam usados durante a madrugada, como routers wifi, computadores ou televisores.
Em Itália, desde maio, os edifícios públicos, exceto os hospitais, mantêm a temperatura do ar condicionado nos 19ºC no verão e no inverno não deverá ultrapassar os 27ºC.
Antes da demissão do primeiro-ministro Mário Draghi, o governo preparava-se para recomendar que toda a atividade comercial encerrasse às 19 horas, segundo o jornal The Guardian. Apagar as luzes em torno dos monumentos também estava em cima da mesa. Aguardemos pelo que se segue.
Na Irlanda, as autoridades apelaram para que não se ande a mais de 100 km/h na auto-estrada, de modo a reduzir o consumo de combustível.
As famílias também foram aconselhadas pela Autoridade de Energia Sustentável da Irlanda a reduzir o termóstato do ar condicionado de suas casas para os 20ºC nas salas de estar e 15ºC a 18ºC nos corredores e quartos.
Nas auto-estradas da Bélgica a iluminação da via é reduzida.
Quem instalar equipamentos, como painéis e caldeiras solares ou bombas de calor, verá o IVA baixar de 21 para 6 por cento.
Na Grécia, as medidas da “Operação Termóstato” incluem um programa de 640 milhões de euros para renovar janelas, sistemas de aquecimento e refrigeração em edifícios e a recomendação de um limite de arrefecimento nos 27ºC no verão, quer em casa e quer nos estabelecimentos.
Nos Países Baixos, a partir do próximo ano, os consumidores com um consumo de eletricidade superior a 50 mil kilowatts por hora terão de fazer um racionamento. Segundo o governo, as novas regras poderão poupar o equivalente a quatro milhões de barris de petróleo.