Na rede social Twitter, em junho, Elon Musk escreveu que quem quer trabalhar remotamente “deve ir para outra empresa fingir que trabalha“, descredibilizando o teletrabalho. O comentário de Musk surgiu depois de começar a circular na internet um email que terá sido enviado aos trabalhadores da Tesla, no qual o líder dizia que “o trabalho remoto deixou de ser algo aceitável” na empresa conhecida por fabricar automóveis autónomos. No mínimo, decretava, cada funcionário teria de passar 40 horas por semana no escritório.
As afirmações de Musk serviram de mote ao Business Insider para questionar três economistas sobre se efetivamente este regime de trabalho era menos exigente e produtivo.
“A maioria das evidências mostra que a produtividade aumentou quando as pessoas ficaram em casa”, nota Natacha Postel-Vinay, historiadora económica e financeira da London School of Economics. “As pessoas gastam menos tempo com deslocações, o que lhes permite usar parte desse tempo para trabalhar, e também passam mais tempo com a família e a dormir, o que significa que são mais felizes e acabam por ser mais produtivas”, acrescenta.
Albrecht Ritschl, professor de história económica, explica que “o tempo passado no escritório não é o mesmo que trabalhar muito”, apontando que o teletrabalho reduziu o tempo gasto em “reuniões sem sentido”.
Segundo Almarina Gramozi, professora de economia do King’s College London, existem vários estudos – especialmente nos EUA e no Reino Unido – que chegaram à conclusão que os trabalhadores eram pelo menos tão produtivos em casa quanto no escritório.
Apesar de, por vezes, a produtividade ser baixa, isso também não significa necessariamente que as pessoas escapem ao trabalho. Uma das razões pode estar relacionada com o facto de, durante a pandemia, as pessoas com crianças em casa terem sido forçadas a dividir sua atenção entre o trabalho e os cuidados infantis que estas exigiam, levando a uma diminuição na produtividade, explicam Postel-Vinay e Ritschl.
Gramozi acrescenta ainda que a produtividade não depende exclusivamente de funcionários. “Os níveis de produtividade dependem substancialmente do apoio que os patrões oferecem, da adaptação à tecnologia e do tipo de trabalho que pode ser concretizado remotamente de uma forma fácil”, sustenta.