Um mês antes do discurso de Volodymyr Zelensky na Assembleia da República, o escritor e analista político ucraniano Mykola Riabchuk, em entrevista à New Yorker, discutia a forma de uma possível solução negociada para acabar com a guerra e chamava a atenção para um detalhe importante: “A Rússia perdeu-os [os países da Europa Oriental] porque não tinha um poder suficientemente brando. Era uma competição de poder brando. O Ocidente era muito mais forte nisso e os Estados do Leste europeu foram atraídos pelo poder brando.”
A história não começa aqui. No início deste ano, Joseph Nye, o homem que cunhou a expressão, publicou um artigo do Project Syndicate intitulado O que Aconteceu ao Soft Power?, remetendo os leitores para os acontecimentos de dezembro: movimentações militares russas na Ucrânia, aviões militares chineses em Taiwan, a continuidade do programa de armas nucleares na Coreia do Norte, os talibãs a patrulharem as ruas de Cabul. E a Cimeira da Democracia, patrocinada pelos Estados Unidos da América, “para renovar a democracia em casa e enfrentar as autocracias no exterior”.