Nas ruas de Lisboa, a corrida para ajudar as pessoas em situação de sem-abrigo não se faz sem ruído. Nos bastidores da solidariedade social, multiplicam-se os braços de ferro entre associações, com trocas de acusações (muitas vezes nas redes sociais) que vão até aos mais ínfimos pormenores, incluindo disputas pelo território, pela qualidade e temperatura das refeições e pelo conforto dos colchões, entre outros. Discute-se, sobretudo, o direito a uma fatia dos €14,5 milhões previstos no Plano Municipal para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo (PM PSSA) 2019-2023.
Um desses “combates” chegou agora à Justiça, depois de o Ministério Público (MP) abrir um inquérito para investigar as suspeitas que recaem sobre uma associação que, alegadamente, levou a cabo uma campanha de difamação e de boicote contra uma concorrente, contribuindo para que esta perdesse contratos públicos (em Lisboa e Funchal) e patrocinadores. Nesta primeira fase, Rochele Kothe, Susana Rodrigues, Mónica Duarte e Joana Fernandes foram constituídas arguidas, sujeitas a termo de identidade e residência.